enfrenta pedido de cassação 28.12.2025 | 07h55

allan@gazetadigital.com.br
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O primeiro ano da prefeita Flávia Moretti (PL) à frente da Prefeitura de Várzea Grande foi marcado por embates políticos e episódios de forte instabilidade administrativa. Eleita com discurso liberal e promessa de modernizar a máquina pública, especialmente com a concessão do Departamento de Água e Esgoto (DAE), Moretti assumiu o cargo já sob clima de tensão com a Câmara de Vereadores e o vice, Tião da Zaeli.
No primeiro dia útil do mandato, o presidente do Legislativo questionou publicamente sua principal bandeira. “A gente tem que analisar. Não é só chegar e dizer que vai fazer a concessão, tem que ter calma, ver quanto vai custar, ver o patrimônio do DAE. Será que o DAE não tem conserto?”, provocou, antevendo meses de relação volátil entre Executivo e Legislativo.
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Nos primeiros dias de governo, a prefeita enfrentou dificuldades para manter serviços básicos, como limpeza urbana, e atribuiu o cenário ao que chamou de “herança” de dívidas superiores a R$ 94 milhões deixadas pela gestão anterior, valor que, segundo ela, seria ainda maior após análises subsequentes. Em fevereiro, o município viveu o pior colapso de abastecimento de água dos últimos anos, atingindo captação, tratamento e distribuição. Moretti classificou o episódio como resultado de “boicotes criminosos” às estações do DAE, suspeita que jamais foi explicada ou apontada a responsáveis.
A emergência forçou a prefeitura a executar uma série de manutenções rápidas e a promover mudanças no comando da autarquia, substituindo o coronel Sandro Azambuja por Zilmar Dias após pressão de vereadores.
As fortes chuvas de janeiro e fevereiro ampliaram os desafios, causando alagamentos nos bairros Alameda e Construmat e deixando famílias desabrigadas. Moretti visitou áreas críticas e deu início a ações de limpeza e prevenção. No entanto, a instabilidade também atingiu o núcleo político do governo.
Em março, um atrito entre a prefeita e o vice, Tião da Zaeli (PL), ganhou repercussão após uma discussão envolvendo compromissos firmados durante a campanha que, segundo relatos, não teriam sido cumpridos. O presidente estadual do Partido Liberal (PL), Ananias Filho, atuou como mediador da crise e revelou que “a conversa que ficou é que a parte de obras e infraestrutura seria com o Tião, assim como a sustentação na Educação e a parte da água, mas com gestão compartilhada”. O acordo evitou um rompimento imediato, mas a relação entre os dois nunca voltou a ser plenamente harmoniosa.
Após semanas tensas, Moretti e Tião uniram-se para cumprir uma promessa de campanha: retirar radares de trânsito. Ao todo, 20 equipamentos foram removidos em 10 pontos da cidade. A ação acabou questionada pelo Ministério Público (MPMT), mas defendida pela prefeitura com base em estudos técnicos, como garantido.
Paralelamente, a gestora se envolveu em trocas de farpas com os irmãos Júlio e Jayme Campos. Apesar dos embates públicos, Moretti manteve interlocução próxima, inclusive visitando Jayme em Brasília. Júlio Campos, em determinados momentos, chegou a subir o tom ao rebater críticas da prefeita às administrações anteriores. “Radical e intransigente. Ela não é essa boneca formosa, tá cheia de defeitos, gestão perturbadora”, disparou o veterano.
Mesmo sob pressões, a prefeita avançou na principal agenda do mandato: a concessão do DAE. Para isso, contratou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), responsável por elaborar estudos e auxiliar na definição do modelo de licitação para universalizar o abastecimento de água e o esgotamento sanitário. Moretti participou de reuniões técnicas, inclusive em São Paulo, para acompanhar o andamento dos trabalhos.
O ano, no entanto, terminou com um novo foco de crise: a abertura de uma Comissão Processante que pode levar à cassação da prefeita. Por 17 votos a 5, a Câmara aprovou uma CPI para investigar o uso do slogan da administração nos uniformes escolares, supostamente configurando promoção pessoal e violando princípios da impessoalidade. A denúncia, apresentada por Pedro Augusto Rodrigues Costa, foi encaminhada após alertas anteriores de vereadores, como Charles da Educação (União), que afirmou ter notificado a gestão ainda em julho. “Alertamos sobre o slogan da prefeita nos uniformes das crianças. Hoje está aqui para apurar se ela infringiu a lei ou não”.
Moretti, contudo, atribuiu o fato a uma "perseguição política" e disse não temer o processo enfrentado no Legislativo.
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