RELATÓRIO DO PROCON 24.10.2025 | 11h50

pablo@gazetadigital.com.br
Erlan Aquino
Relatório parcial do Procon (Proteção e Defesa do Consumidor) apontou que 99,5% dos 31.835 contratos de empréstimos consignados dos servidores públicos do Estado com a empresa Capital Consig Sociedade de Crédito Direto S.A., não possui assinatura válida do consumidor.
O documento aponta ainda para utilização de robôs e processos automatizados para forjar o consentimento dos servidores públicos estaduais de Mato Grosso, colocando em xeque a legalidade dos contratos.
“Conclui-se que entre 31.600 e 31.782 contratos/CCBs (Cédula de Crédito Bancário) carecem de assinatura válida do consumidor, o que corresponde a 99,3% a 99,8% do total. Esta irregularidade, de caráter majoritário e sistêmico, configura vício insanável de consentimento e prática abusiva nos termos dos arts. 39, III, e 51, IV, do CDC.”, diz trecho do relatório.
Além da ausência de assinaturas dos servidores, o que configura a falta de consentimento do servidor, foi identificado um método padrão de uso de robôs ou softwares para efetivar o empréstimo sem assinatura. Cerca de 98,9% de todas as assinaturas foram registradas após as 20h, “com um volume notavelmente padronizado e consistente de mais de 7.100 assinaturas por hora entre 20h e 23h”. Ou seja, fora do horário comercial.
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Essa precisão temporal é considerada "factualmente implausível", reforçando a hipótese de um script ou rotina automatizada. A repetição de horários exatos em diferentes datas e para diferentes consumidores, com alguns horários se repetindo até 9 vezes, “solidifica a evidência de artificialidade no processo”.
“Este fenômeno é, claramente, incompatível com a atividade humana. O comportamento orgânico de milhares de consumidores agindo de forma independente resultaria em uma distribuição com "caudas", onde a atividade diminuiria gradualmente após o pico, com alguns eventos ocorrendo nos primeiros minutos ou horas do dia seguinte. A parada súbita e absoluta é consistente com um sistema automatizado configurado para operar estritamente dentro de uma janela de tempo pré-definida (de 20:00:00 a 23:59:59) e programado para se encerrar compulsoriamente ao final do dia”, completa o documento.
O relatório conclui que as práticas da Capital Consig S.A. configuram um "modus operandi sistêmico" que compromete a validade jurídica de milhares de operações de crédito consignado, com fortes indícios de ilícitos de natureza cível e criminal.
“Essas práticas, caracterizadas pela ausência de consentimento válido, violação do dever de informação, uso de métodos de autenticação inválidos e inconsistência documental, não apenas constituem infrações administrativas, mas também fornecem robustos indícios de ilícitos de natureza cível e criminal. A conduta da empresa revela um modelo de negócio que se beneficia da vulnerabilidade dos servidores para formalizar operações de crédito juridicamente inexistentes ou nulas, merecendo uma resposta coordenada e enérgica dos órgãos de controle, fiscalização e persecução penal do Estado”, finaliza.
Por fim, o documento solicita que a manutenção Das cautelares que suspendeu os descontos nos salários dos servidores e a proibição de novos contratos com a empresa.
O Procon também solicita o envio do relatório para os Ministérios Público Federal e Estadual – MPF e MPMT, para a Polícia Federal, Polícia Civil, Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Banco Central.
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Servidor Público - 26/10/2025
Isso é vdd, o banco Pan fez isso comigo, processei e ganhei a causa.. na época vi que fizeram com mais alguns colegas, mesmo dia e horário iguais e sem consentimento.
Wanderley - 24/10/2025
Pena que em 2026 é ano eleitoral e os Deputados Estaduais, jamais, eu disse jamais, terão iniciativa de peitar uma CPI, pois, atrapalharia os interesse do governador Mauro Mendes, pois respingaria na imagem do governo. Então, que si foda, os servidores estaduais.
2 comentários