Garcia afirma que falha na educação é maior do que falar do L

O vídeo polêmico gravado pelo prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), com alunos de uma escola estadual de Cuiabá segue causando desconforto ao governo do Estado. Após o secretário de Estado de Educação(Seduc), Allan Porto, criticar a ação, o secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia (União), e o governador, Mauro Mendes (União) também se pronunciaram.

À imprensa, o governador evitou adentrar na discussão, alegando desconhecimento da ação do liberal, mesmo que o vídeo tenha sido gravado durante o evento em que ambos estavam, por isso, se omitiu.

“Eu não vi o vídeo, sinceramente. Peço desculpas, declino de comentar, porque não vi contextos”, alegou.

Já Fábio Garcia condenou a politização da educação. Ele chama atenção para os riscos éticos e sociais de expor crianças em conteúdos públicos, especialmente em contexto de disputa política.

“Ele trata de um tema muito sério e caro para o país, que é a nossa educação. Eu acho que esse tema não deve ser politizado, esse tema tem que ser resolvido. E, como prefeito, como na gestão pública, temos que trabalhar para oferecer uma educação de qualidade para os nossos alunos. Certamente os nossos alunos, eles são consequência de um processo educacional têm desde a creche, pré-escola e ensino fundamental, né? Portanto, ele é muito mais sério do que simplesmente falar do L. Então eu acredito que o foco não deva ser a politização da educação, mas sim o foco deve ser implementar em Cuiabá e em todas as cidades brasileiras uma educação de qualidade”, disse o secretário.

Além disso, Garcia destacou a preocupação com a exposição das crianças e adolescentes, mesmo que sem mostrar o rosto, a voz e outros elementos, outros colegas podem identificar a criança e gerar consequências dentro do ambiente escolar.

“A gente está inclusive no meio de uma polêmica sobre divulgação de imagens de jovens e crianças, sobre isso eu já me posicionei, eu acredito que a gente deve cuidar da exposição que a gente impõe aos nossos jovens e crianças. E essa exposição, obviamente, mesmo que a imagem não apareça, mas a voz apareça, a gente deve ter cuidado, porque isso tem repercussão dentro da escola, para as crianças, para o futuro das crianças, para o bullying. Portanto, isso toca em um tema sensível para os nossos jovens e crianças”, finaliza.

O vídeo 

Gravado na tarde desta quinta-feira (11), durante a inauguração de uma escola, Abilio fez fotos, mais cedo, com menores. Na imagem, alguns dos adolescentes mostraram o sinal de “L” com os dedos. O símbolo remete ao nome do presidente Lula (PL), a quem Abilio repudia.

Depois da fotografia ser exposta na internet, o prefeito procurou novamente o grupo de alunos pelo pátio da escola e o abordou. Na filmagem publicada em sua rede social, ele pergunta se foram eles que fizeram o sinal e tem resposta positiva. Então, o prefeito questiona: “Quanto é 4x4?”, e uma das menores diz que não sabe. Os demais estudantes riem da garota, enquanto cercam o liberal.

Ele repete a pergunta a outros e um deles responde que é “16”. “Mas você não fez o L, né?”, pergunta. “Não dá para fazer o L e não saber quando é 4 vezes 4”, continua Abilio.

Em sua fala entre os alunos, ele diz que é preciso estudar, pois do contrário não chegarão à faculdade e “se chegarem, não sairão de lá”.

Na legenda do vídeo, o prefeito escreveu: “Sabe fazer o L, mas não sabe quanto é 4x4…. Aí é difícil. Educação nível ‘todes’”
A cena foi vista com preocupação pelo secretário Allan Porto. Segundo ele, a conduta foi desnecessária e fomenta a divisão dentro das escolas.

“Me parece uma crítica à educação do Estado. Fomentar a divisão dentro das escolas não tem sentido nenhum. Foi uma fala lamentável do prefeito. Expor crianças desta forma não é saudável. Vamos ver com a secretaria o que fazer, mas é uma fala infeliz do prefeito”, disparou o secretário.

Após a repercussão do vídeo, a assessoria de comunicação de Cuiabá disse que não se trata de crítica ao Estado.