'MANDARAM EU IR PRA CASA' 19.12.2025 | 14h57

fred.moraes@gazetadigital.com.br
Assessoria
A vice-prefeita de Cuiabá, Vânia Rosa (Novo), voltou a desabafar sobre o calvário vivido dentro da Prefeitura de Cuiabá, ao lado do prefeito Abilio Brunini (PL). Com um visível racha, que se tornou público há cerca de 3 meses, a tenente-coronel afirmou que vive um cenário de frustração e violência política na atual administração municipal.
Em entrevista à Rádio Cultura FM, nesta sexta-feira (19), Vânia disse que está "decepcionada" não com a política, mas com a postura do próprio prefeito, de quem esperava uma atuação diferente na relação institucional com a vice. Segundo ela, durante a campanha eleitoral, sua presença foi usada para ocupar um espaço que o então candidato não tinha, o diálogo com o eleitorado feminino, mas esse protagonismo não se manteve após a vitória.
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“A palavra que mais define é frustração. Não pela política em si, mas pelo próprio prefeito, que eu esperava que se comportasse de outra forma nesse espaço de poder com a vice”, afirmou. Para Vânia, o processo de esvaziamento de suas atribuições e até mesmo recurso anual caracteriza violência política. “Esvaziar o poder é violência política, e eu vou falar sobre isso doa a quem doer”, declarou, acrescentando que sofre retaliações frequentes e tentativas de desconstrução de sua imagem pública.
A vice-prefeita também disse que há um cenário sendo construído para afastá-la do perfil apresentado durante a campanha. Principalmente por se opor a postura adotada por Abilio e confrontá-lo.
“Tentam criar uma imagem diferente da Vânia da campanha. A Vânia é forte, tem carreira alicerçada e respeitada, faz enfrentamento. Eles querem matar de toda forma, mas não vão matar”, afirmou. Segundo ela, o enfrentamento atual faz parte de um processo mais amplo de afirmação da mulher na política. “Eu sei onde quero chegar. É mais um passo na construção do espaço da mulher na política.”
Vânia relatou ainda que a ruptura na relação com o núcleo da gestão ficou evidente logo após o resultado das eleições. De acordo com ela, no dia 29 de outubro, um dia após a vitória nas urnas, questionou qual seria seu papel no novo governo e recebeu uma resposta do atual secretário de governo, Ananias Filho, que a marcou.
“Me disseram: ‘vai pra casa’. Eu respondi: vou pra casa? O prefeito vai pra casa? Vocês vão pra casa? Eu não vou”, contou.
Mesmo diante do constrangimento inicial, ela afirmou que decidiu permanecer no processo de transição e acreditou que a postura interna mudaria com o tempo, o que, segundo ela, não ocorreu. “Eles precisam de exposição muitas vezes para enxergar que não é assim que se faz com uma mulher.”
Com trajetória na Polícia Militar, Vânia comparou a dinâmica institucional da segurança pública com a da política. Ela ainda afirma que a situação vexatória tem repercutido até mesmo dentro da corporação policial, onde construiu sua carreira.
“Meus coronéis ligam perguntando o que está acontecendo. Dizem que nunca viram uma exposição dessa natureza. Isso macula a imagem construída ao longo de anos”, relatou.
Por fim, Vânia disse que decidiu tornar públicos os conflitos após esgotar todas as tentativas de diálogo interno. “Eu cansei de chorar, cansei de ser exposta e fingir que está tudo bem. Já fiz tudo o que era possível e necessário, mas o respeito não nasceu nos bastidores. Agora, preciso expor muitas coisas”, concluiu.
Como mostrou o
, a ruptura entre o prefeito e a vice-prefeita começou a se desenhar no mês de agosto de 2025, quando divergências internas passaram a ganhar contornos públicos. À epoca, Vânia comandava a Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOB), mas vereadores levaram ao gestor dificuldade no diálogo. Na sequência, Vânia usou a tribuna para se defender e um logo depois, acabou demitida pelo prefeito.
Um dos episódios emblemáticos foi a chamada “vistoria de demissão”, quando a vice-prefeita foi surpreendida por uma ação administrativa que, na prática, sucedeu sua saída da secretaria. O gesto foi interpretado nos bastidores como um recado político claro de rompimento de confiança.
Meses depois, veio a publicação de um decreto que restringiu a capacidade de representação institucional da vice-prefeita, retirando-lhe autonomia para atuar em agendas oficiais e administrativas sem autorização expressa do gabinete do prefeito.
O desgaste se aprofundou com a chamada “seca orçamentária” da Vice-Prefeitura, já em dezembro, quando a Lei Orçamentária Anual (LOA), enviada à Câmara, que passou a prever recursos mínimos para a estrutura sob responsabilidade de Vânia.
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