Economista dá dicas para investidores iniciantes e afirma; 'não existe mais o a partir de quanto’

Corretoras de investimento, como BTG Pacual e XP Investimentos, e bancos digitais como Nubank e 99Pay, trouxeram opções de rendimento para o brasileiro que quer tentar fazer crescer o seu dinheiro. Porém, a falta de conhecimento sobre o tema pode acabar assustando o investidor em potencial.

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Em entrevista ao , o economista Daniel Pucca, diretor na Tutors Participações, que atua em algumas empresas do ramo de investimento e crédito, deu algumas dicas para quem quer tirar do papel a meta de melhorar a vida financeira. Ele destacou que a tecnologia democratizou o acesso aos produtos e facilitou o aprendizado sobre o tema.

Pucca afirmou que qualquer pessoa pode começar a investir, já que, conforme explicou, no mundo dos investimentos existem diversos perfis, não apenas o do investidor profissional, que tem mais de R$ 10 milhões no mercado financeiro, ou o do investidor qualificado, que tem mais de R$ 1 milhão investido. Existe o investidor comum, que aplica valores menores que estes.

Leia a entrevista na íntegra:

Gazeta Digital - Para quem não tem nenhum conhecimento sobre investimentos, qual é o primeiro passo?

Daniel Pucca - O passo inicial para a pessoa é entender quais são os perfis que existem, para saber qual é o perfil que ela tem, falando em investimentos. Então entender o perfil e estudar o que é tratado tecnicamente como perfil agressivo, moderado, conservador, é importante. E entender os riscos. Começar a ler e estudar são os primeiros passos para falar de investimentos, isso não tem jeito.

Se você não estudar, você vai fazer o que alguém te falar. E é aí que mora o perigo. A gente vê que o brasileiro investe mais em 'Tigrinho', perdendo R$ 26 bilhões por mês. Hoje tem mais brasileiros colocando dinheiro no 'Tigrinho' e perdendo 98% do que colocam, do que brasileiros que estão na Bolsa de Valores, por exemplo.

Gazeta Digital - Essa popularidade de aplicativos como o ‘jogo do Tigrinho’, como você mencionou, mostra que o brasileiro tem um perfil de não querer deixar seu dinheiro parado, ou seja, de investidor?

Daniel Pucca - Isso mostra que o brasileiro não estuda, não aprofunda sobre investimentos, porque no final das contas ele quer sempre o caminho mais fácil, isso falando pela maioria. E o caminho mais fácil, que é ganhar muito com pouco dinheiro, não existe. É por isso que tem essas pirâmides, que toda hora a gente descobre uma que cai. Todo mundo quer o máximo pagando o mínimo.

O brasileiro quer ouvir pouco, quer estudar pouco e vai pegar a indicação pelo que se paga mais. Geralmente o que se paga mais é onde está o problema.

Gazeta Digital - A taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia e que influencia outras taxas, subiu para 13,25% recentemente. Você avalia que este é um bom momento para quem quer começar investir?

Daniel Pucca - A resposta correta é a seguinte: não existe um momento ruim para investir. Todo ser humano precisa ter parte do que ganha na vida adulta investido, porque um dia na velhice ele vai precisar, todos nós vamos precisar. Ninguém consegue só viver da aposentadoria, inclusive porque a aposentadoria no Brasil, provavelmente, vai sofrer muito nos próximos 10 a 15 anos. Então todo brasileiro, independente da Selic estar 10%, 13% ou 5%, precisa investir. A pergunta é: nas condições atuais, a 13,25%, historicamente, é um cenário que fica ainda mais fácil de ganhar? Aí, sim.

Agora, para quem quer começar, é o momento mais rentável para começar a investir mensalmente, do que quando a Selic está mais baixa. Porém, o importante não é esperar momentos onde a Selic está alta para investir, mas sim criar uma cultura de investimentos, porque você vai sempre estar investindo e na hora que as oportunidades de ganhar mais aparecerem, você vai ter mais dinheiro parado para poder ganhar ainda mais.

Gazeta Digital - Você citou que existe uma diferenciação entre investidor profissional, investidor qualificado e investidor comum. Para o investidor comum, quais são as melhoras opções no começo?

Daniel Pucca - O investidor comum vai estar limitado a algumas operações como renda fixa, fundos multimercado, vai poder comprar ações, isso tudo é normal. Mas uma das dicas, além de estudar, é também, quando começar a investir, não colocar tudo numa coisa só. Fazer uma diversificação. A diversificação é uma das coisas mais importantes no processo de se tornar um investidor.

Nesse cenário, por exemplo, a renda fixa atrelada a CDI é muito boa. Hoje tem muitos bancos digitais que basta você deixar o dinheiro em saldo em conta-corrente, que eles têm aqueles rendimentos de 100% de CDI, 105% de CDI. Então facilita principalmente para quem não tem uma cultura de investimentos.

Outra coisa que eu acho um bom produto para quem está começando é o fundo imobiliário. Na hora que começar a parar de subir a Selic, que voltar a cair, está na hora de entrar no fundo imobiliário, que você consegue comprar cotas de fundo imobiliário a partir de R$ 2, R$ 3, R$ 5, R$ 10, R$ 100.

Gazeta Digital - Para investir, então, é possível começar com pouco dinheiro mesmo?

Daniel Pucca - Esse é um discurso que não existe mais, ‘a partir de quanto’. Tu vai ter o 'a partir de quanto' na regra de um produto específico, porque a gente tem opções de produtos que têm aporte mínimo. Mas hoje o fundo imobiliário a aplicação de CDI em renda fixa tradicional, do Mercado Pago, etc, é muito simples, é uma boa dica. E nós vamos ter uma Selic provavelmente em curva de 14% a 15% por um ano, um ano e meio. Então, é um momento bacana para a galera começar. E, ao mesmo tempo, criar gosto, cultura, hábito de poupança, porque só assim a pessoa vai se tornar investidora.

Investidor é quem ganha mais do que gasta. O que é legal é que hoje tem muito material, no YouTube tem muita coisa, mas tem que até tomar cuidado também.