'A política para a mulher é feita pelas mulheres', afirma Vânia

“A política para a mulher é feita pelas mulheres”, avalia a vice-prefeita Vânia Rosa (Novo), que já foi vítima de violência política de gênero no Estado, considerado um dos mais perigosos para mulheres em todas as áreas. No próximo ano, a Assembleia Legislativa (ALMT) pode ficar sem representatividade feminina, com a saída de Janaina Riva (MDB) para a disputa ao Senado, e a vice não exclui a chance de concorrer ao Legislativo estadual e ocupar mais este espaço. Para ela, é preciso mais mulheres na política para que leis sejam elaboradas com empatia.

Em entrevista ao , a vice-prefeita afirmou que cabe às mulheres conquistarem espaços e exercerem a política não só em cargos eletivos, mas no cotidiano. Dessa forma, assumindo posições de decisão para que outras também tracem o caminho de ocupar os espaços dominantemente masculinos.

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“Minha carreira política começou sem ser política, começou sendo policial militar, lutando pela previdência, na reforma da previdência para as mulheres militares. Não conhecendo nada de política partidária e não tendo qualquer apadrinhamento político, eu tive que ir sozinha. Largar a farda um pouquinho e ir atrás, no Congresso Nacional, buscar não ter tanto prejuízo para a mulher”, lembra.

Vânia tem uma visão prática no cenário atual. Para ela, a violência, infelizmente, está em toda a parte, incluindo a política. Cabe a cada uma munir-se de argumentos para vencer os obstáculos.

“As mulheres têm que também compreender isso e promover o fortalecimento desse empoderamento da mulher dentro desse espaço político. Eu não quero, de verdade, apontar quem foram vítimas e quem são os algozes neste momento, mas isso existe [violência] e é um fato”, declara a vice-prefeita.

“Nós mulheres temos que estar bem conscientes disso e não desistir. Trazer as melhores estratégias, inclusive com as aliadas, mulheres, e com os aliados que entendem isso. Há homens que apoiam as mulheres na política, e tentar usar o que for possível e necessário para estar presente também nesse espaço político”, completa.

Hoje Vânia está no gabinete da vice-prefeitura, mas já passou pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), onde viveu um momento de conflito com o prefeito Abilio Brunini (PL) e foi exonerada da pasta. Em vistoria em um fim de semana, o gestor encontrou uma maca no local e disse que o espaço “não era spa”. A então secretária explicou que os materiais encontrados foram utilizados em data comemorativa para as servidoras. O episódio causou sério atrito a ambos na época.

Janaina é um ícone
Questionada sobre ocupar uma cadeira na Assembleia, Vânia não descarta e destaca a trajetória de Janaina Riva, única mulher no parlamento, em seu terceiro mandato, presidente do MDB e pré-candidata ao Senado em 2026.

“Janaína é um ícone. Portanto, admiro demais a Janaína, admiro demais as mulheres que estão na Câmara de Vereadores. É um espaço que também tem que receber outra mulher para compor ali [Assembleia] e a gente ter voz. Quando eu falo a gente, estou falando de mim, de você, de todas as mulheres que estão esperando uma lei que as acolha, que veja a mulher de forma diferente, veja a mulher com mais empatia. Nada é melhor do que a mulher para reconhecer e ter essa empatia e levar isso para o projeto de lei”, argumenta.