'Não se cobre um prejuízo com outro', afirma morador contrário ao uso de campo

Definido como espaço que abrigará temporariamente os lojistas atingidos pelo incêndio do Shopping Popular, na última segunda-feira (15), o complexo esportivo Dom Aquino é utilizado diariamente por centenas de pessoas para a prática esportiva e de recreação. A decisão sobre o novo uso do espaço tem gerado preocupação entre os frequentadores do local, que citam impedimento de realizar as atividades habituais ali e querem que a realocação dos comerciantes seja em outro lugar.

Frequentador do espaço há mais de 20 anos para treinos e caminhadas, o advogado Josué Ferreira de Souza utilizou as redes sociais para manifestar sua oposição em relação ao uso do espaço. Procurado pelo , ele argumentou que a pista e o campo são utilizados diariamente por centenas de atletas e famílias, e, caso o local seja mobilizado para a construção do espaço provisório dos camelôs, muitos frequentadores da região também ficarão desassistidos.

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“Não é inviabilizando o local para a sociedade que vai solucionar o problema do shopping. Anteriormente, o prefeito havia oferecido a Acrimat, mas não aceitaram. A gente entende que não tem necessidade de utilizar o campo sendo que tem outro espaço. Estamos todos estarrecidos com a situação, é lamentável, isso é indiscutível, mas entendemos que não há necessidade de destruir a pista e área de lazer da sociedade, sendo que há um espaço em que podem ser realocados”, defende.

O reclamante ainda citou que a obra para reconstrução do shopping e estadia dos comerciantes no complexo esportivo vai demorar mais de um ano. 

“Ali no complexo também temos atletas de alto rendimento que usam esse espaço para treinamento. Se utilizar o espaço para o shopping, as pessoas vão ter que correr na rua expostas a perigos, acidentes de trânsito, assaltos, acarretando várias outras situações. Podemos encontrar uma solução sem desfazer desse espaço da sociedade”, acrescenta.

Josué narra que participa de diversos grupos de corrida e se comunica com colegas frequentadores do local. Ele pondera que tanto os visitantes assíduos do complexo quanto a comunidade no entorno não foram consultados sobre a decisão. Ainda aponta que várias escolinhas de futebol, atletismo, vôlei e assessorias de esporte utilizam o espaço para treinar os atletas, dado que é um local aberto e gratuito.

“A gente não sabe o prazo que isso vai ocorrer, imagine atletas de alto rendimento um ano sem treinar. A pista da UFMT só é aberta para competições oficiais, então o local em que a maioria dos atletas treina é no Dom Aquino”, cita.

“Todos ali são unânimes na contrariedade a essa ideia de realocar para o campo. Primeiro que vão ter que tirar as grades do campo e até por questões de segurança para os próprios lojistas seria melhor a Acrimat. Ali eles vão ficar expostos ao sol, na grama, a primeira chuva que der ali vai dar um prejuízo enorme”, complementa.

Na visão dos esportistas com quem Josué conversou, a rua entre o complexo e a Acrimat é uma alternativa a ser estudada, pois não tem casas e seria interessante em razão do fluxo diário de pessoas. Josué considera que faltou diálogo com a comunidade para discutir uma alternativa sem afetar os que já utilizam o espaço e que deveriam ter chamado a sociedade para conversar e junto tomar a decisão.

“Inviabilizar ali seria outro prejuízo para sociedade, não se cobre um prejuízo causando outro. As autoridades e o poder público tem que encontrar uma alternativa que não prejudique a sociedade. A caminhada é saúde, muita gente vai ali como válvula de escape para ansiedade, depressão e aquele espaço é utilizado por todos. Se isso acontecer vai ser um prejuízo enorme financeiro, emocional e psicologicamente”.