Sócio de empresa envolvida em esquema usou ‘chapeiro’ como ‘laranja’

De acordo com os autos da Operação Suserano, que mirou um esquema na Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Alessandro do Nascimento, sócio-oculto da Tupã Comércio e Representações, teria usado um “chapeiro” como laranja de sua empresa que vendeu kits agrícolas superfaturados à Seaf. Foi apontado que o “laranja” possui uma vida modesta, sem veículos ou imóveis em seu nome.

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Euzenildo Ferreira da Silva aparece como administrador da empresa Tupã Comércio e Representações Ltda, que vendeu os kits de ferramentas para trabalhadores de agricultura familiar por R$ 28.009.217,00. O sobrepreço nesta negociação foi de R$ 10.248 milhões.

Foi apurado que Euzenildo, ao fazer a 2ª via de seu documento de identidade em abril de 2019, declarou sua ocupação profissional como “chapeiro”, “demonstrando se tratar ao menos de trabalhador na produção de alimento, metalúrgica ou, como é conhecido na região, braçal de carga ou descarga”. A sua ligação com o empresário Alessandro foi verificada ao informar o endereço de sua residência.

“Este local se trata da sede da Associação Atlética e Cultural Nacional, que possui como Diretor-Presidente a pessoa de Alessandro do Nascimento, razão pela qual se vislumbrou que a empresa Tupã Comércio fosse de propriedade de outrem e que Euzenildo estaria sendo utilizado como ‘sócio laranja’”.

Euzenildo também aparece como sócio de outras empresas, todas de propriedade de Alessandro, entretanto leva uma vida humilde. Foi apurado que Alessandro foi o responsável por registrar o site da Tupã Comércio e Representações e tinha poderes em nome dela.

“Constatou-se que Alessandro do Nascimento é procurador constituído da empresa Tupã Comércio e Representações, com amplos poderes para administrar a empresa, inclusive somente ele é quem pode substabelecer tais poderes a quem quer que seja. Ou seja, Alessandro do Nascimento é quem seria, de fato, o proprietário da empresa Tupã Comércio e Representações, que supostamente forneceu todos os kits de ferramentas constantes nos Termos de Fomento firmados entre a Seaf e o PRONATUR”.

A operação

A Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) bloqueou R$ 28 milhões dos alvos da Operação Suserano, que teve principal alvo o ex-secretário de Agricultura Familiar de Mato Grosso (SEAF), Luluca Ribeiro (MDB), demitido em julho deste ano.

Além de Luluca, foram alvos o dono de artigos esportivos Alessandro do Nascimento, e sua filha, Ana Caroline Ormond Sobreira Nascimento, o primo dela Matheus Caique Couto dos Santos, Diego Ribeiro de Souza, Rita de Cássia Pereira do Nascimento, Wilker Weslley Arruda Silva, Yhuri Rayan Arruda de Almeida, Luzenildo Ferreira da Silva e Leonardo da Silva Ribeiro.

Os investigadores apontam possíveis sobrepreços de até 80% do valor de mercado em termos de fomento que seriam usados para a compra de kits de agricultura familiar.