CASO RODRIGO CLARO 16.04.2019 | 21h28
Otmar de Oliveira
Tenente Izadora Ledur de Souza Dechamps chorou durante depoimento de uma testemunha de defesa realizada nesta terça-feira (16), na 11ª Vara Criminal Militar de Cuiabá. Ela é acusada pela tortura e morte do ex-aluno Rodrigo Claro, após participar de curso de formação do Corpo de Bomebeiros, em 2016. Nesta audiência de instrução foram ouvidas 3 testemunhas.
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Segunda testemunha, o soldado Rafael do Carmo Lisboa, falou sobre sua experiência como aluno da tenente no 15º curso, sendo essa a turma anterior ao de Rodrigo Claro. “No meu curso tinha 300 alunos divididos em 6 pelotões, eu fazia parte do 2° pelotão”, lembra”.
Lisboa conta que no treinamento quando era identificado alguma dificuldade, a tenente Ledur orienta que os mesmos fizessem uma “escolinha de reforço”. “Ela davas as instruções e deixava os alunos que tinham bom desempenho na monitoria”, afirmou.
Durante o depoimento o advogado de defesa, Huendel Rolim, apresentou um vídeo institucional da formação dos alunos do 15º Curso de Formação dos Bombeiros. Nesse momento, Ledur de longe observa o vídeo e vai às lágrimas.
Através do áudio do vídeo é possível ouvir os formandos entoando canto militar. De acordo com o soldado, a canção foi sugerida pela tenente para demonstrar "vivacidade" do pelotão.
Otmar de Oliveira
Após 4 anos, o soldado Rafael do Carmo Lisboa também participa dos cursos, hoje como instrutor.
Após 4 anos, o soldado também participa dos cursos, hoje como instrutor. Em toda a fala o soldado, Lisboa defendeu a conduta de Ledur quanto aos treinamentos em que ministrava nos cursos de formação. “O aluno é cobrado sim, mas não pressionado. A gente não pode falar muito. A gente orienta e incentiva. Ela cobrava o nosso melhor desempenho, nada que fosse obrigado. Costumo falar que a Ledur foi muito importante pro profissional que eu sou”, pontuou.
Também prestou depoimento o primeiro-sargento Marcizio Oliveira Moraes. Ele foi um dos instrutores junto a tenente Ledur e também fazia parte da coordenação do Curso de Formação dos Bombeiros. Da mesma forma, Moraes esclareceu sobre os procedimentos de treinamento realizados durante o curso e afirmou haver pressão e estresse entre os alunos. “Ela era exigente”, frisou sobre a instrução do treinamento. “A gente coloca eles sob pressão, sob estresse. No dia a dia é inerente isso ao militar”, justificou.
Questionado sobre denúncias contra a tenente Ledur, o militar admitiu ter recebido queixas contra a instrutora do curso e que foi aberto sindicância para apurar as denúncias realizadas pela turma de Rodrigo Claro e também na anterior. “Tinha sim, inclusive [denúncia] contra mim. Os alunos gravaram áudio e editaram, inclusive. Foi investigado e arquivado”, completou.
Única civil a depor como testemunha de defesa de Ledur, a jornalista Larissa Malheiros Batista falou sobre o comportamento da militar e também de sua atuação no Corpo de Bombeiros como assessora de imprensa. Ela trabalhou apenas 1 ano e meio na corporação e relatou que acompanhava alguns treinamentos. Porém no dia da morte de Rodrigo não estava presente.
Malheiros disse que presenciou a tenente Ledur como instrutora junto a outros militares e não notou comportamento agressivo ou reclamações. "Nunca ninguém reclamou de nenhum militares para mim”. “Eu sempre achei ela muito calada.
Nos treinamentos eu quase não ouvia a voz da Ledur”. No dia da morte de Rodrigo Claro, a jornalista se reuniu com a diretoria e orientou sobre como a corporação deveria agir. "Sugeri que a Ledur desse coletiva, mas o coronel falou que não e que ela estava proibida de falar com a imprensa. Pediu para que as perguntas fossem pautadas na coletiva", afirmou.
Mesmo o juiz Marcos Faleiros tendo redesignado o dia do interrogatório de Izadora Ledur ela afirmou ao que irá acompanhar todos os depoimentos de suas testemunhas de defesa. Desde segunda-feira, ela tem sido acompanhada pelo marido, também bombeiro militar, o capitão André Luiz Dechamps.
O caso
Rodrigo Claro morreu no dia 15 de novembro de 2016 após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro do Estado de Mato Grosso. Segundo denúncia do Ministério Público, a vítima foi submetida a sessões de afogamento durante a travessia na lagoa, sob o comando da tenente Ledur, o que resultou na morte.
Ledur responde também processo criminal, por tortura com resultado morte, na Justiça Militar.
A tenente ficou mais de 700 dias de licença médica após a morte do aluno. Voltou recentemente para a corporação e tenta a promoção para capitã.
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Marcos - 16/04/2019
Lamentável esses depoimentos, dizer que é necessário o treinamento abusivo, que a pressão é necessária para o dia a dia do militar, o SD BM é para salvar vidas? Ou pra ir ao combate? Na realidade o corpo de bombeiros precisa repensar sua matriz curricular, e sua aplicabilidade. É inadmissível sua prática durante o curso de formação. Deixem que as manobras e ações sejam filmadas. Ela chorou ao ver a formatura dos alunos, mas e a família do ex aluno, chorou pq? Caramba! Ela era responsável pela instrução e tem que responder por isso.
1 comentários