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abuso em rituais 24.08.2025 | 12h00

Vítimas de guia vivem temor de impunidade e retaliação após soltura

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Reprodução

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“É um medo constante de encontrarem com ele e uma frustração. Sensação de não ter sido reconhecida a gravidade do crime praticado contra elas. É a fragilidade ao sair de casa e de acreditar no Judiciário”, é como a advogada Karime Dogan define a saga por justiça que suas clientes. Ela representa 5 das 14 vítimas que processaram o guia espiritual Luiz Antônio Rodrigues Silva, acusado de abuso sexual durante rituais. Ele foi preso em setembro de 2023 e solto em maio deste ano, o caso está parado desde então.

 

Ao , a advogada comentou que, na época da prisão, o celular de Luiz foi apreendido. A partir de então foi remetido à Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) para extração de dados e um laudo preliminar emitido. No entanto, os dados foram remetidos à Polícia Civil para análise mais abrangente e emissão de laudo definitivo, processo este que ainda não foi concluído e tem atrasado sentença do juiz do caso. Devido a esta demora, Luiz Antônio obteve liberdade, em função do excesso de prazos.

 

“As imagens delas foram expostas, por mais que seja um caso em segredo de justiça, o ato de ir à delegacia, ir ao Fórum, fazer escuta especializada com psicólogo, já é uma exposição, por mais que tenha protocolos para garantir segurança, é uma redução de danos, elas foram expostas”, alega a defensora.

 

De acordo com a advogada, suas clientes têm feito acompanhamento psicológico desde então, contudo sabe que não são todas as vítimas do caso que conseguem arcar com os custos da terapia. O desgaste com o percurso feito durante anos do processo eleva a sensação de impunidade, mas também de receio. A advogada, que acompanhou o caso desde o inquérito policial, cita que as clientes, agora, carregam consigo o medo de sair às ruas e temem até mesmo retaliações espirituais.

 

Outro sentimento narrado é o do arrependimento. “A gente não vê mais no Judiciário falar disso. Elas se sentem reféns de um grande sistema. Muitas delas e, não só as minhas clientes, mas as outras meninas também, me contam que se soubessem do resultado que está tendo, da soltura dele e deste medo agora, não teriam denunciado. O medo paralisa”, desabafa.

 

Para a advogada, a esperança é pela condenação do agressor, mas vislumbra que, diante do cenário atual, ele responda à pena em liberdade.

 

“Nenhuma vítima denuncia assédio, abuso ou estupro com desejo de que o abusador use uma tornozeleira. Elas não queriam que ele fizesse novas vítimas. [...] Mais de anos transcorrendo o processo e ele posto em liberdade, o sentimento é que estão sendo revitimizadas”, avalia.

 

Mesmo diante da situação, a advogada pontua que tenta acolher as vítimas e defende que outras mulheres não desistam de denunciar casos de violência, seja ela psicológica, sexual, doméstica, ou quaisquer outras.

 

“Precisamos continuar denunciando e lutando todos os dias. Foram 14 meninas que denunciaram ele, processualmente temos 14 vítimas, mas podem ter milhares na sociedade. Na minha rede social e no meu telefone recebi milhares de mensagens de mulheres falando que foram vítimas dele. Por mais doído que seja, é difícil, frustrante, mesmo com esse sentimento de injustiça, eu digo a elas: 'vocês conseguiram parar este homem que há mais de 10 anos violentava mulheres'. A denúncia é a melhor saída, o fato de denunciar evita perpetuar essas agressões. Se ele ficou preso um ano, foi um ano que nenhuma mulher foi abusada, graças às denúncias”, finaliza.

 

O caso

Luiz Antonio Rodrigues Silva é acusado de abusar sexualmente de ao menos 14 mulheres durante sessões espíritas, em Cuiabá. Segundo as investigações, o suspeito utilizava a rede social Tik Tok para atrair as vítimas para sua “tenda religiosa”, prometendo amparo espiritual. No momento em que ficava a sós com a vítima, ele aproveitava para praticar os abusos sexuais, alegando que era o espírito encarnado que realizava as condutas.

 

Além dos abusos praticados em nome de uma entidade, ele também filmava os atos e posteriormente utilizava para chantagear as vítimas.

 

O líder religioso teve sua prisão preventiva decretada no dia 1 de setembro de 2023, e cumprida no dia 5. Porém, no dia seguinte, após audiência, foi posto em liberdade mediante medidas cautelares.

 

Durante o período em que ficou em liberdade, Luiz Antônio chegou a publicar um vídeo nas redes sociais dizendo que voltaria com os trabalhos espirituais e que tudo não passou de uma ‘situação inusitada’. A defesa nega que o vídeo tenha sido publicado pelo líder espiritual.

 

Diante de mais denúncias feitas após a repercussão da soltura e pela justiça entender que o vídeo tinha teor intimidador para as vítimas anteriores, o investigado foi preso novamente no dia 28 de setembro e teve o celular apreendido para perícia. Desde então a defesa tentava reverter sua prisão com recursos, vindo a ser solto em maio deste ano. O processo corre em sigilo.

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