CPI mira em delação de empresário morto para denunciar sonegadores

Presidente do Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal, o deputado estadual Wilson Santos (PSDB) reforçou que as informações registradas na delação premiada do empresário assassinado, Wagner Florêncio Pimentel, serão decisivas para denunciar os "tubarões do agronegócio" que sonegaram impostos em Mato Grosso. De acordo com o parlamentar, as informações contidas no documento serão essenciais para concluir o relatório do esquema que desviou R$ 140 milhões da tributação estadual.

"O que mais questionamos foi sobre o assassinato do empresário Wagner Florescendo que fez a delação premiada. A viúva complementou e até hoje não sabemos para quem ele trabalhava, a quem ele expedia notas frias, quais eram os cabeças e os tubarões de tudo isso ai", disse o tucano.

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Na segunda-feira (10), a CPI ouviu o delegado da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), Walter de Mello Fonseca Júnior. Ele foi questionado sobre as Operações de Crédito Podre e Fake Paper.

Mello disse que a primeira foi deflagrada em 2017 e teve início a partir do momento que a fiscalização do Estado percebeu que muitos grãos estavam saindo do estado sem o recolhimento de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Nas operações simuladas, eram gerados créditos, com destaque para o ICMS que não era recolhido. Segundo Wilson, Florêncio fraudou R$ 2,bilhões em notas frias para grande empresários do agronegócio que cultivam commodities (soja, milho, algodão, carne etc).

"Esse cidadão era PHD em sonegar impostos, muitos empresários do setor do agronegócio recorriam a ele para comprar essas notas frias. Ele era um malandro total, já se foi, mas a delação é importante. Nós queremos saber para quem Wagner Florêncio vendia essas notas frias", completou.

No fim, o tucano ainda tentou minimizar as críticas em relação a demora para conclusão dos trabalhos da CPI, que foi oficializada em 12 de março de 2019, um ano antes da pandemia. A comissão adotou um formato diferente das demais e conta com 5 sub-relatorias, o que em tese dificulta a formatação de um relatório único.

"A CPI trabalha até agosto e nós vamos avançar. Temos três capítulos a serem investigados com os setores agronegócio, mineração e os frigoríficos. Vamos continuar, doa a quem doer", finalizou.

Morte de empresário

O empresário Wagner Florêncio Pimentel, 47 anos, é apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE) como chefe de uma quadrilha que sonegou R$ 140 milhões em impostos e chegou a ser preso durante a Operação Crédito Podre, da Polícia Civil.

Na investigação, foi descoberto a constituição de mais de 30 empresas, de fachada ou mesmo fantasmas, com a finalidade de simular operações internas de venda de grãos, para criação de créditos suspeitos de ICMS, ou seja, elas documentavam toda a operação simulada como tributada, lançando o ICMS devido, mas o recolhimento não era feito.

Contudo, em fevereiro de 2019, Wagner foi assassinado durante a madrugada no Bairro Jardim das Américas, em Cuiabá. O corpo de Wagner foi encontrado dentro do carro.