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DEU EM A GAZETA 18.10.2023 | 07h04

Garimpo avança e impacta paisagem do parque de Chapada

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Reprodução

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Em uma vista área da região da aérea de Preservação Ambiental (APA) e do próprio Parque Nacional de Chapada dos Guimarães - que está dentro da área, o cenário é de destruição e desolação. Montanhas de rejeitos de mineração provenientes de ouro e pedras preciosas pipocam na região dividindo a cena com a beleza natural e ímpar da região. Além disso, desmatamentos, assoreamentos e erosões agora compõem o visual do cartão postal mais visitado pelos turistas em Mato Grosso.

 

Os pedidos para aprovação de autorizações para instalação de garimpos nas áreas de preservação de Chapada dos Guimarães aumentaram 76% na gestão do governador Mauro Mendes (União). Os dados podem ser consultados junto à Agência Nacional de Mineração (ANM). Ao todo há dez empreendimentos com autorização concedida e em funcionamento na região, dois pertencem às empresas da família do governador Mauro Mendes (União), por meio da Mineradora Casa de Pedra, que tem entre outros sócios, à primeira-dama do Estado, Virgínia Mendes e Luís Taveira Mendes -filho do casal.

 

Além dos empreendimentos citados, que já têm licença para extração na região, há na ANM outros 40 processos de autorizações em tramitação e 20 de reconhecimento geológico com o mesmo objetivo. Entre os anos de 2011 e 2019, houve em média 1,7 pedidos por ano. Contudo, a partir de 2020, quando Mendes assumiu o Executivo, a média saltou para três ao ano totalizando 12 solicitações, nos últimos quatro anos.

 

A APA de Chapada dos Guimarães, que nasceu do decreto estadual 537 de 1995 e que foi oficializada por meio da lei 7.804/2002 - previa que a região situada nos municípios de Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio do Leverger e Campo Verde tinha o objetivo de preservar as feições geomorfológicas das escarpas e do planalto da Chapada dos Guimarães, as matas, galerias, os cerrados, campos rupestres e demais formas de vegetação originária da região, e as nascentes dos rios e córregos denominados Coxipó, Coxipó-Açu, Água Fria, Bom Jardim, Cachoeirinha, Aricazinho e Formoso.

Apesar de a lei prever a preservação, há três meses o juiz da Vara Especializada do Meio Ambiente de Cuiabá, Rodrigo Curvo, condenou a Maney Participações - uma das empresas sócias da Mineradora Casa de Pedra e que pertence à família Mendes - a adequar em 180 dias todo o sistema operacional da empresa conforme exige a legislação ambiental estadual e apresentar Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), sob pena de multa diária de R$ 10 mil, em caso de descumprimento. A Ação Civil Pública foi proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE).

 

O magistrado esclareceu que a mineradora se encontra dentro de uma APA e que há diversas provas no processo que a empresa atua ao arrepio da lei ambiental em Mato Grosso. "Os documentos que instruem os autos, mormente os técnicos, são contundentes no sentido de apontar a dissonância do sistema operacional da mineradora com as normas ambientais vigentes e a remanescência de danos ambientais causados pela atividade irregular do empreendimento instalado nos limites da Área de Preservação Ambiental Chapada dos Guimarães e na zona de amortecimento do Parque Nacional Chapada dos Guimarães", pontuou o juiz.

 

Curvo citou o rompimento de uma barragem da mineradora ainda em 1995 e alertou que a atividade degrada sobremaneira a região de proteção. "A parte requerida tornou em atividade ilícita e antijurídica, causadora de degradação ambiental, uma vez que promoveu a intervenção e a degradação de área de proteção ambiental, com violação às normas ambientais, ocasionando prejuízos aos bens protegidos (saúde, água, flora, fauna, paisagem etc), conforme acima consignado", disse.

 

Apesar dos indícios, Rodrigo isentou os atuais sócios de outras responsabilizações mais severas, conforme pretendia o MPE na ação que foi proposta em 1996. Segundo o magistrado, os novos sócios não teriam contribuído diretamente para a prática do ilícito ambiental, muito embora também não teriam se empenhado em resolvê-los e corrigi-los.

 

Após a sentença, o MP fechou um acordo com a mineradora e pediu o arquivamento do processo. O juiz deferiu em parte a solicitação do MP-MT, e determinou no dia 2 de agosto que as negociações fossem finalizadas no prazo de 45 dias - arquivando o processo temporariamente.

 

A reportagem do jornal A Gazeta questionou o conteúdo do acordo proposto, que teve o prazo expirado na segunda semana de setembro e a assessoria de imprensa do MP-MT informou que o acordo ainda havia sido tabulado. "O promotor disse que a parte [mineradora] procurou o órgão ministerial afirmando que havia adotado as medidas requeridas. O MP-MT requereu à Sema a realização de vistoria, que será acompanhada por técnicos da promotoria, para comprovação das informações repassadas. O MP aguarda esta vistoria para dar prosseguimento à proposta de acordo", informaram.

 

O prazo inicial para cumprimento da sentença do juiz vence no próximo dia 24 de outubro. Contudo, como o MP-MT que, em tese, é o autor da ação optou por executar a sentença em comum acordo com a mineradora e desta forma os prazos não estão valendo. Após os questionamentos, a ação foi desarquivada no último dia 9 de outubro.

 

MT passará próximo de mineradora

Em meio às medidas previstas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para essa semana e que tratam de temas referentes ao meio ambiente, o governo anunciou os primeiros passos para a construção da MT-030 - chamada pelos deputados de Rodovia da Integração. A estrada passará a 4 km da Mineradora Casa de Pedra.

 

O governo estadual licitou um trecho de 4,6 quilômetros no fim do perímetro urbano de Cuiabá até a Ponte de Ferro, sobre o rio Coxipó, sentido Coxipó do Ouro. A construtora vencedora da licitação foi a Nhambiquaras e o valor total do contrato é de R$ 8.278.025,16. O prazo de conclusão é de 180 dias. A previsão para que a estrada esteja pavimentada e concluída até o trecho da Ponte de Ferro é fevereiro do próximo ano.

 

Por conta da notícia, o deputado da base governista Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), realizou audiência pública para debater a rodovia, na última quinta-feira (5). Com base nas informações repassadas pelo parlamentar, no edital de licitação e no termo de referência da contratação, é possível indicar o trajeto da MT-030. Após atravessar a Ponte de Ferro e o Rodoanel, a rodovia seguirá até o trecho onde encontra o linhão da usina do Rio da Casca. A rodovia segue paralela ao linhão, na chamada Estrada Velha, passando por área de mineração da Comunidade Rio dos Médicos.

 

Conforme ambientalistas consultados pela Gazeta, o trecho poderá extinguir e afetar sítios históricos e arqueológicos, Comunidades Rurais Negras Tradicionais e uma importante área de enterramentos secundário do povo Bororo. Esse traçado é inexequível. É insano. Querem subir o Assentado do Xavier e depois o paredão do Mirante, antes da subestação de energia.

 

Vão impactar a lapa do Frei Kanuto, a lapa do Xavier, a Cachoeira da Bailarina, a área dos sepultamentos secundários dos indígenas Bororo e o próprio Mirante. Sem contar as comunidades negras do córrego dos médicos, buritizal, rio dos couros, disse o fotógrafo e morador de Chapada dos Guimarães há mais de 40 anos, Mario Friedlander.

 

Leia a reportagem completa na edição de A Gazeta

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Comentários

OLIVEIRA CUIABANO - 21/10/2023

TA PROVADO PORQUE O GOVERNO QUER O PARQUE DE CHAPADA, PORQUER AI ELE PODE ACABAR COM TUDO ATRAVES DAS SUAS EXTRAÇÕES O NOME DELE NÃO APARECE NO CONTRATO SOCIAL MAS DA SUA ESPOSA SIM. UM CARA QUE DEVE MILHOES DE REAIS AO GOVERNO FEDERAL ATRAVEZ DAS SUAS EMPRESAS EM NOME DE SUA ESPOSA E DE SEU FILHO DA ULTIMA VEZ QUE SAIU A LISTA ESTAVA COM DIVIDAS EM MAIS DE 189 MILHOES . O CORRETO NO BRASIL E SE O CAMARADA TEM PARENTE ATE 3 GRAU COM DIVIDA COM O ESTADO, MUNICIPIO E UNIÃO NÃO DEVE SER CANDIDATO.

Rosi - 19/10/2023

A população precisa saber disso de forma explícita. Esse governador tem também um garimpo lá no sangradouro. Que era o antigo garimpo jatobá. Vai levar muito dinheiro quando morrer. Será que esse barqueiro cobra tão caro assim???? Se é que me entendem!!!!

Germano Vasconcelos - 18/10/2023

Muito triste, existe alguns lugares que não podem ser de fácil acesso, não porque somente por restrição,mais para preservar o ambiente e cuidar para cuidar para não acabar, mais para não acabar com a natureza que ainda sobrevive na região da chapada, algumas medidas precisam ser tomadas, se não algumas lindas paisagens serão vistas apenas em foto do que um dia foi um paraíso, do jeito que está indo , paredões, cachoeira e muito mais , daqui poucos anos será apenas foto e lembranças de um lugar ou de um paraíso que existiu um dia, ficará na lembrança. Quem deixou essa mineradora instalar neste local? Ter que detonar um paredão para passar uma estrada e acabar com um bom trecho de preservação? Complicada esse " progresso" em uma região de pura natureza que em pouco tempo não mais estará lá.

Cláudio zaiird - 18/10/2023

Como pode, será pouco oque vivemos hoje? Calor de 42 a 44 Cº em Cuiabá, rios na Amazônia secando atravessa a pé, enchente e ciclone em Stª Catarina e mas garimpo em parque nacional chapada MT? Inacreditável meu Deus !

Paulo Roberto - 18/10/2023

Eu não sei como que essas autoridades de Cuiabá MT não enxergam tudo isso que está acontecendo em chapada as mineradoras estão degradando tudo e ninguém faz nada, o reizinho que asfalta aquela região vcs sabe porque né, vai beneficiar as suas mineradoras, esse negócio de governo MT administrar parque chapada tá mal contado, tão e de olho nas riquezas que ali vai proporcionar a alguns

HILSON CÁCIO DE ARAÚJO - 18/10/2023

Dá para entender ou precisa desenhar o súbito interesse do Sr. Governador @mauromendes em estadualisar o PNCG-PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS GUIMARÃES, colocar a opinião pública contra o ICMBIO, com a falácia de que o cidadão vai ter que pagar R$ 100,00 para ter acesso ao PNCG. Ele esquece que o Estado tem uma Unidade de Conservação que está privatizado e que o valor do day-use custa R$ 180,00 (cento e oitenta reais), apenas o DAY-USE. É o PARQUE ESTADUAL DAS ÁGUAS QUENTES, que está vencendo concessão neste ano, o governador deve assumir o parque e liberar o acesso ao cidadão.

Jeves Bejame - 18/10/2023

E o pior é que essas mineradoras conseguem com facilidades financiamentos de recursos públicos com juros baixíssimos para destruir a natureza e o Agricultor Familiar que mora na roça produz alimentos tem dificuldades até mesmo para deslocar de sua casa até a instituição financeira.

FABIO JUNIOR - 18/10/2023

FAZ O L . E TENHA CORAGEM DE CRITICAR O GOVERNO QUE VCS APOIARAM .

8 comentários

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