Operação Rêmora 29.05.2019 | 15h15
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Chico Ferreira
O primo do empresário Alan Malouf fez declaração, reconhecida em cartório, em que acusa o delator de ter firmado um acordo de colaboração premiada mentiroso com o Ministério Público Federal (MPF). Em documento registrado no dia 8 de dezembro de 2018, que teve acesso, Mário Mansur Bumlai Júnior afirma que Alan não falou a verdade quando disse que o ex-secretário de Estado de Fazenda, Paulo Brustolin, o ameaçou em encontro reservado.
Na delação, Malouf contou ao MPF que Brustolin perguntou se ele faria algum acordo de colaboração e, caso pensasse em fazer, que avisasse o ex-secretário de Fazenda para que os dois ajustassem as declarações e as versões sobre o esquema de pagamento de propina e fraude em licitações que ocorreu na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), cujos crimes foram investigados pela Operação Rêmora.
Mário Bumlai Júnior confirmou que houve um encontro entre Brustolin e Malouf, mas negou que o diálogo tenha sido marcado por ameaças ou pela tentativa de ordenar as versões perante a Justiça. De acordo com o depoimento registrado em cartório, a ideia do encontro era reaproximar os dois empresários, que eram amigos de longa data e que romperam durante as investigações da Rêmora.
Quero frisar que, durante todo o tempo que permanecemos no veículo, não presenciei nenhuma intimidação do sr. Paulo Brustolin em relação a Alan Malouf ou sua família. Jamais vi o Paulo fazer qualquer ameaça a Alan. Pelo contrário, o
que sempre existiu e o que vi no dia do referido encontro foi uma relação de respeito entre ambos, afirmou o primo de Alan Malouf.
Para promover o clima amigável entre os dois amigos, Mário Mansur promoveu uma espécie de encontro às escuras. Convidou Malouf para ver um terreno, na região do bairro Sucuri, onde Paulo Brustolin também estava. Parei ao lado do carro, chamei Paulo e pedi para que ele entrasse no meu carro, quando ele entrou no banco de trás e se deparou com o Alan ficou surpreso e perguntou o que era aquilo, diz o relato.
A princípio, a contragosto, Paulo acabou conversando com o amigo em um tom que, segundo Mário Mansur, foi sempre amigável e marcado por uma relação de respeito entre ambos. O próprio Paulo Brustolin também registrou em cartório depoimento em que nega as ameaças. Nega, inclusive, outras afirmações feitas por Alan em sua delação.
Empresário surge em inquérito
Mário Mansur Bumlai Junior, autor do depoimento registrado, já foi alvo de apuração na Operação Ararath. O empresário do setor imobiliário foi gravado em interceptações telefônicas nas quais diz que faria lobby junto ao juiz Julier Sebastião para conseguir uma liminar favorável.
A Ararath resultou de um inquérito inicial para apurar atuação da empresa Globo Fomento Mercantil Ltda que seria responsável por crimes de lavagem de dinheiro. A polícia encontrou vínculos da empresa com o tráfico de drogas e a
exploração de máquinas caça-níqueis. Posteriormente, detectou a participação da Comercial Amazônia de Petróleo Ltda. e da Encomind Engenharia, Comércio e Indústria Ltda. nas negociações.
A Justiça autorizou, em janeiro de 2011, a interceptação telefônica de linhas utilizadas por Mansur. A polícia identificou nas conversas referências a Rodolfo Borges de Campos (então sócio da Economind) e a Julier Sebastião da Silva (juiz federal).
Em 2012, a Justiça Federal em Mato Grosso determinou o desmembramento da ação indicando que deveria ser instaurado novo inquérito em relação à Globo Fomento Mercantil e à Comercial Amazônia de Petróleo. Daí então a remessa do inquéri
to original ao TRF-1.
A defesa do corretor alegou, em 2013, que as interceptações foram ilegais porque foram autorizadas de forma indevida para investigar um juiz federal. Isso porque, na condição de magistrado, Julier tem foro perante o TRF-1. Segundo os advogados, a participação de Julier nos crimes era investigada desde o início da operação, que já apontava para provável favorecimento do juiz frente a Ecomind Construtora.
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