Valor gasto com horas extras daria para contratar PMs aprovados, aponta presidente de associação

Mato Grosso gasta cerca de R$ 70 milhões por ano com horas extras na Polícia Militar, valor que, segundo a Associação dos Aprovados no Concurso da corporação, seria suficiente para contratar novos policiais e reduzir o déficit de efetivo. A crítica foi feita pelo presidente da entidade, Marcos Antônio Campos Mourão, ao cobrar coerência do governo por investir em propaganda de segurança pública enquanto mantém mais de 1.100 aprovados aguardando convocação.

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Em entrevista ao Jornal do Meio Dia (TV Vila Real, canal 101.), nessa segunda-feira (3), o representante disse que o avanço da violência é resultado da defasagem expressiva no número de policiais militares em serviço no Estado. “Nós vemos que hoje temos uma Segurança Pública digital e uma real. Quando paramos para observar, a Segurança Pública real tem diversos empecilhos. O [programa] Tolerância Zero é uma boa propaganda. Temos Mato Grosso como bicampeão no feminicídio, diversas facções e com diversas mortes violentas”, criticou Mourão.

O representante lembrou que apenas 700 dos 1.100 aprovados no concurso foram convocados e que há um déficit estimado em mais de 4 mil policiais militares no Estado. “Nós não temos de nenhuma forma uma resposta objetiva, uma resposta exata do que realmente vai acontecer nos próximos dias, nos próximos chamamentos. O que a gente vê é realmente uma negativa por parte do governo em relação ao chamamento desses 1.100. Tivemos que procurar o escritório de advocacia para que nós pudéssemos ter uma perspectiva de chamamento desses aprovados”, disse.

De acordo com Mourão, o problema de efetivo é ainda mais grave quando comparado com o decreto estadual que define o número mínimo de policiais por habitante. “Hoje a Polícia Militar trabalha com apenas 47% do efetivo ideal. Porém, em 2025, o próprio governador Mauro Mendes assinou e editou o decreto nº 1.252, que prevê o efetivo mínimo e máximo para cada habitante. Nós temos, por exemplo, Juína, que tem 53 mil habitantes, e deveria ter entre 109 a 324 policiais militares. Hoje, Juína tem 29 policiais. O governo não cumpre o próprio decreto e cobra o cumprimento de leis federais”, criticou.

O presidente também apontou o gasto elevado do Estado com horas extras, que, segundo ele, poderia ser revertido em novas contratações. Entretanto, o governo argumenta mantém o argumento de que o chamamento impactaria no orçamento do Executivo.

“A informação que nós temos é que o Estado de Mato Grosso gasta cerca de R$ 5,8 milhões por mês com extraordinária, o que dá mais de R$ 70 milhões por ano. Esse mesmo valor pagaria o soldo salarial de um policial militar atualmente. O valor o Estado tem para pagar. O mesmo valor que ele gasta hoje com extras, ele poderia dar mais segurança à população", apontou.

Mourão ainda citou o recente caso do Rio de Janeiro, onde operações policiais resultaram em dezenas de mortes, para alertar sobre o risco de desorganização na segurança pública. “Hoje a gente tem lá o Rio de Janeiro, que foi um Estado que, não querendo entrar no mérito, é um exemplo de má administração na segurança pública. Foram anos e anos olhando o crime crescer, o Estado não fazia nada e tá aí o que deu hoje. A polícia entrou no morro e teve drone bombardeando a polícia. É a teoria da janela quebrada: quando você deixa a janela quebrada ali e não tampa, o bandido entra e faz a festa”, concluiu.