30.01.2017 | 00h00
No final do mês de abril serão realizadas eleições presidenciais na França. O presidente eleito receberá um mandato de cinco anos, sucedendo o atual primeiro mandatário do país, François Hollande.Os favoritos são o ex-presidente Nicolas Sarkozy e os ex-primeiros-ministros Alain Juppé e François Fillon. O vencedor vai concorrer na eleição presidencial de 2017, no segundo turno, provavelmente contra Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Frente Nacional.Le Pen se encontra numa situação similar à de 2012, liderando as intenções de voto para o primeiro turno, com 28%, seguida de perto por Alain Juppé.
A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos apenas alguns meses depois do resultado do plebiscito popular que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia,em junho de 2016, causou grande apreensão entre aqueles que acreditam no multiculturalismo e na globalização. Agora, mais um vendaval parece estar se formando no horizonte, a perspectiva de que Marine Le Pen vença as eleições fará com que o nacionalismo crave definitivamente suas garras sobre o plano internacional e se constitua como corrente política definitiva do século XXI. Marine é membro do Parlamento Europeu desde 2004, e uma conservadora com inequívocas posições anti-imigração, anti-União Europeia e anti-establishment. É consenso entre os cientistas políticos que acompanham ‘com lupa‘ o movimento eleitoral na França que as chances de vitória de Le Pen são pequenas, alguns dizem ser impossível que a nacionalista saia vencedora do pleito, mas estas previsões lembram muito o que aconteceu nos Estado Unidos com a vitória surpreendente de Trump.
Além da possibilidade da França sair da União Europeia, é cada vez mais frequentemente mencionada na imprensa internacional as chances da Itália, terceira maior economia da zona do euro, também sair do bloco econômico. Em entrevista ao jornal português Público, o economista italiano Claudio Borghi diz acreditar que sair do Euro é a única forma para voltar a crescer e a União Europeia está condenada, é um projeto a ser lembrado ‘como um monstro, comparável à União Soviética‘. Como a União Europeia, que não é apenas uma construção institucional, mas representa uma estratégia para a governança global baseada em um complexo sistema de leis e normas destinadas e corrigir distorções e equilibrar as diferenças entre nações, as preocupações se voltam para a instabilidade política que o seu fim poderá resultar.
O Brexit foi um golpe muito forte na ideia de integração europeia, que se baseia na ampliação sucessiva de seu alcance. Se muitos analistas já consideravam que a simples saída do Reino Unido da União Europeia condenaria o bloco político-econômico, a vitória do republicano conservador DonaldTrump nos Estados Unidos e a possibilidade da sucessiva retirada da Itália e da França teriam um efeito devastador sobre a União Europeia. Essa é uma perspectiva sombria, pois a União Europeia é uma formidável construção supranacional destinada a promover o desenvolvimento social e garantir a paz entre os povos.
Daniel Almeida de Macedo é Mestre em Direito Internacional pela Universidade do Chile e pesquisador na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
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