20.01.2017 | 00h00
Apesar de ser um tema antigo, caros leitores, que há décadas vem sendo foco de estudos e pesquisas, parece que ainda está distante de ser minimizado a índices aceitáveis. As reportagens na mídia são recorrentes de vandalismo em estabelecimentos escolares públicos, onde janelas são quebradas, carteiras e mesas destruídas, portões arrebentados e muros pichados. Onde está o ponto de estrangulamento desta relação escola pública e comunidade que parece nunca ter fim.
Estudos realizados em escolas públicas do estado de São Paulo, há mais de duas décadas, pela educadora Teresinha Pinto, já apontava como fator determinante da problemática da depredação de escolas públicas o desgaste das relações que perpassam o ambiente escolar. Isto é, a comunidade do entorno não percebe a escola pública como sendo um patrimônio dela, mesmo que a escola tenha sido resultado da luta e esforço de integrantes da comunidade.
Essa situação é desenhada pelo fato desse espaço que é público, acabar tornando-se restritivo, como por exemplo, pela não existência de vagas para todos os estudantes, pelos mais diversos tipos de exclusão que vão da intolerância ao preconceito, que acabam por restringir uma parcela considerável dos moradores do entorno. Essa situação é agravada com o fato da escola ficar ociosa nos finais de semana e períodos de recesso escolar, ou seja, não existem atividades que não sejam o ensino formal.
Na maioria das comunidades a escola é o único espaço público para lazer, que deve oportunizar aos diferentes segmentos atividades de inclusão, ao invés de excluí-los. Só assim a escola vai ter sentido de pertencimento a comunidade, onde o grupo social como um todo sinta acolhido pela escola. Com isso a escola torna realmente pública e a integrar o imaginário coletivo da comunidade que cuida ou pelo menos diminui consideravelmente os índices de depredação do patrimônio público.
Diante desse contexto, a escola pública precisa, ao invés de trancar os portões, encontrar formas de estabelecer uma relação com o seu entorno, de integrar todos os segmentos a esse espaço físico com atividades cotidianas. Deve superar a concepção de escola apenas como sala de aula, como ensino formal. A destruição de espaços públicos deve ser concebida não apenas como vandalismo, mas também como uma forma de protesto, de reivindicar a democratização e a socialização de espaços para outras atividades. O resultado de pesquisas realizadas em vários estados brasileiros, tem sinalizado para uma sensível diminuição da destruição do patrimônio público quando todos os segmentos de um bairro ou comunidade estão envolvidos de alguma forma com a gestão e uso desse espaço.
Elias Januário é educador, antropólogo e historiador e escreve às sextas-feiras em A Gazeta. E-mail: eliasjanuario@terra.com.br
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