27.01.2017 | 00h00
Nos dias atuais, os pais travam uma batalha contínua para proporcionar uma alimentação um pouco mais saudável para seus filhos, mesmo que seja uma luta difícil diante da indústria de alimentos que joga pesado com lançamentos de novos produtos no mercado, aliado a propagandas cada vez mais atrativas. Fazer com que os filhos tenham uma alimentação saudável passou a ser um desafio constante.
Refletindo acerca dessa problemática, me fez lembrar de como uma parte considerável das comunidades tradicionais, em particular as indígenas da região do baixo rio Xingu, fazem para que as crianças tenham consciência de que determinados alimentos não devem ser consumidos por elas. É lógico que são realidades e contextos distintos, mas podemos aprender um pouco na forma como lidam com a restrição de determinados alimentos para as crianças.
Nas reuniões e atividades festivas são relatados pelos mais velhos histórias e mitos que revelam as consequências advindas quando se ingere alimentos que são considerados proibidos para determinadas faixas etária, como por exemplo a castanha e o amendoim que só pode ser comido depois que a criança estiver andando ou se não estiver com tosse, gripe e febre. Se não for respeitado essa regra, a criança pode ter problemas nas pernas, vômito e dores no corpo. Algumas frutas típicas da região também não podem ser consumidas pelas crianças até uma determinada idade, haja vista que o seu consumo pode trazer sérios problemas de saúde para a criança. As pessoas levam muito a sério essas restrições pois foram educadas dessa forma e procuram passar para os filhos esses ensinamentos, que de maneira coletiva entre as famílias acabam ganhando força e sendo internalizada pelas crianças locais.
Os pais, mesmo depois de adultos, também seguem regras que restringem o consumo de alguns alimentos, como carne de aves e de pequenos animais, que segundo a tradição cultural pode fazer mal a eles ou a seus filhos. Essas proibições são passadas de geração para geração e acabam fazendo parte do cotidiano dessas comunidades tradicionais, que levam muito a sério esses critérios de alimentos que podem ou não serem consumidos.
É verdade que o contato com a sociedade não índia e a modernidade oriunda dessa relação, tem feito chegar a essas comunidades tradicionais uma infinidade de alimentos industrializados, no entanto são as conversas e concepções mantidas pelas famílias que tem atuado fortemente junto as crianças e adolescente para que evite o consumo de alimentos prejudiciais à saúde, valorizando as tradições e o modo de vida mais integrado ao meio ambiente local.
Elias Januário é educador, antropólogo e historiador. Escreve às sextas-feiras em A Gazeta. E-mail: eliasjanuario@terra.com.br
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