03.02.2017 | 00h00
Em meio ao contexto da recente proposta de reforma do ensino médio, a educação profissionalizante retoma o destaque no cenário educacional, já vivenciado em décadas passadas, como se fosse um avanço inédito e um caminho novo para solucionar os dilemas vividos pelo sistema de ensino público em nosso país.
Como ocorre nas propostas de mudança no sistema nacional de ensino, as comunidades tradicionais acabam também sendo abrangidas por essas políticas públicas, propostas estas delineadas com pouca ou nenhuma discussão e reflexão junto às minorias étnicas e culturais, o que contribui para o insucesso quando são colocadas em prática.
As reformas educacionais são fundamentais para o aprimoramento das políticas públicas em qualquer país, no entanto, quando direcionadas para as comunidades tradicionais, para que exista a possibilidade de uma ação positiva e que realmente fortaleça a identidade e as práticas culturais, em se tratando da integração entre educação profissional e educação escolar intercultural, torna imprescindível a existência de diálogos e metodologias adequadas, buscando uma construção coletiva com os atores sociais, os saberes, as especificidades linguísticas, os processos próprios de aprendizagem e os anseios da comunidade.
Dessa forma, qualquer proposta de mudança na educação tem que afastar a possibilidade de ações prontas e estabelecidas para serem implementadas nas comunidades tradicionais. A proposta deve ser construída com a comunidade de destino, a partir da sua realidade, independente que isso demande mais tempo na sua formulação e implementação. Entre os eixos que deve nortear uma proposta desta natureza destacamos a busca pela autonomia em termos de necessidade coletiva, como no que se refere a saúde e a gestão territorial.
Outro aspecto fundamental consiste na elaboração de uma proposta curricular específica, que seja avaliada sistematicamente, de forma a garantir a valorização das identidades, os processos educativos específicos e a autodeterminação. Sem esquecer que ensino e pesquisa devem caminhar juntos, como partes da formação básica geral, focando as formas ativas e coletivas de construção do conhecimento de cada povo. Assim, de maneira geral, a oferta de formação profissional e tecnológica para comunidades tradicionais deve, de forma indispensável, contar com a participação de seus integrantes nas decisões políticas, pedagógicas e de gestão.
Elias Januário é educador, antropólogo e historiador, Escreve às sextas-feiras em A Gazeta. E-mail: eliasjanuario@terra.com.br
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