02.12.2016 | 00h00
No estado de Mato Grosso existem várias espécies de palmeiras que são amplamente utilizadas no cotidiano pelos moradores das comunidades tradicionais, seja como alimento, na produção de artesanato, na construção de habitações, entre outras finalidades. Portanto trata-se de uma planta que tem grande importância na organização social e cultural dos povos tradicionais, fazendo com que a sua preservação seja fundamental para a manutenção de práticas e traços da identidade étnica.
Entre as palmeiras existentes nos biomas de Mato Grosso, vamos falar em particular do buriti, pertencente à família dos palmáceos, espécie considerada de porte grande, chegando a alcançar até trinta metros de altura e cerca de sessenta centímetros de diâmetro. Amplamente encontrada em áreas alagadas nas proximidades de rios e igarapés, onde desenvolve em abundância formando grandes buritizais. O fruto do buriti é considerado nutritivo, muito consumido pelas pessoas e pelos animais, possui uma casca formada por pequenas escamas com tons que variam entre o marrom e o vermelho, sendo a parte comestível da fruta a sua polpa de cor amarela.
Os habitantes das comunidades tradicionais, em especial os indígenas, têm no buriti uma palmeira da qual aproveitam praticamente tudo, como as folhas, o tronco e as frutas. Da folha nova ou ainda fechada, os indígenas retiram o que denominam de seda ou fita, utilizada na produção de redes para dormir, além de adornos para os braços e a cintura que são utilizados durante os rituais que são realizados nas aldeias. Da folha velha ou já aberta, utilizam para fazer a cobertura das moradias tradicionais e também para a confecção de cestos de grandes dimensões, além de esteiras. O talo do buriti fornece um material leve e flexível, de onde são retiradas tiras de diferentes tamanhos usadas para a confecção de peneiras e cestos de pequeno porte, usados para carregar frutas coletadas na mata, carne e peixe já assados ou a massa de beiju obtida do preparo da mandioca. Ainda do talo do buriti são feitas as flautas, instrumento de grande significado cultural, muito usadas nos rituais e festas tradicionais da comunidade.
A palmeira denominada buriti, de cujo fruta é extraída uma polpa de cor amarela que os indígenas consomem na forma de chicha ou suco, floresce entre os meses de setembro a dezembro e produz seus frutos no período de janeiro a junho, em grande parte da região norte de Mato Grosso. A quantidade da produção de frutos pode variar de um ano para outro, dependendo das variações climáticas e das ações antrópicas.
Em relação as ações das pessoas no manejo com o buriti, com destaque para os moradores das comunidades tradicionais, estaremos falando na segunda parte do texto, enfatizando o uso sustentável como fundamental para que essa espécie de palmeira não seja extinta nestas regiões.
Elias Januário é educador, antropólogo e historiador. Escreve às sextas-feiras em A Gazeta. E-mail: eliasjanuario@terra.com.br
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