Enfermeiro fazia 'frete' e se recusava a ganhar R$ 5 mil

O enfermeiro Rodrigo Castrillon Lara Veiga, 38, é apontado pela Polícia Federal como um dos principais responsáveis pelo transporte e distribuição de mercúrio ilegal em Mato Grosso. De acordo com a investigação da Operação Hermes, o produto era vendido e chegava aos garimpos pelo Grupo Veggi, pertencente a Arnoldo Veggi, que chefiava todo o esquema.

Para cada frete do transporte, o enfermeiro recebia uma quantia em dinheiro. Em junho de 2022, por exemplo, Arnoldo mandou Jefinho - que organizava a administração dos pagamentos aos transportadores do mercúrio ilegal - pagar R$ 1 mil para Rodrigo fazer um "frete eletrodo" - como ele disse em conversa, se referindo ao mercúrio.

Nas Investigações da PF consta que Castrillon chegou a dizer em conversas no WhatsApp, com Arnoldo, que só pararia atrás das grades, pois se recusava a trabalhar como enfermeiro para ganhar R$ 5 mil. Um dos líderes da organização, Arnoldo afirma que deveriam focar na comercialização de mercúrio, pois do contrário não seria possível se alimentarem: "ou a gente faz isso, ou não come".

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"Na análise desse investigado [Rodrigo], identificou-se que CASTRILLON era o principal responsável pelo transporte de mercadorias para Arnoldo, realizando fretes de diversos produtos, como sucata de ferro, Gás HFC R410A, esfera de aço, hipoclorito de cálcio, dentre outros. Contudo, Arnoldo utilizava-se desse serviço para o transporte de mercúrio, ocultando-o no veículo, seja no meio das mercadorias transportadas ou mesmo em partes do veículo em compartimentos chamados de mocó", cita a PF.

Entre as conversas de organização para entrega, Jefinho envia um vídeo e algumas fotos mostrando como estava sendo feita a separação e a pesagem do mercúrio irregular a ser entregue aos compradores. No vídeo, é possível ver a separação e a pesagem do mercúrio de forma rudimentar e sem nenhuma espécie de proteção contra vazamentos para quem manuseava o produto e ao espaço.

Arnoldo pedia também para que Castrillon buscasse mercúrio em San Mathias, na Bolívia, tornando assim a principal origem do produto do esquema.

De acordo com a PF, Arnoldo pretendia construir uma fábrica de mercúrio no Brasil. Com efeito, esse discutia com Castrillon sobre a possibilidade de irem ao México, especificamente a Querétaro, para tentar encontrar algum fornecedor de cinábrio (sulfeto de mercúrio) e aprender a construir um forno para extrair o mercúrio desse minério.

Rodrigo Castrillon foi um dos alvos da PF e respondei a cautelares.