ASSASSINATO DE LEOPOLDINO 22.02.2022 | 18h40

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Chico Ferreira
Sentado novamente no banco dos réus, o empresário Josino Guimarães, acusado de mandar matar o juiz Leopoldino Marques do Amaral, foi ouvido nesta terça-feira (22) durante julgamento presidido pelo juiz federal Paulo César Alves Sodré. Em depoimento, ele chorou, negou conhecer os assassinos do magistrado e disse que o ex-governador Pedro Taques, à época procurador da República, “arrebentou” com sua vida.
Sobre Pedro Taques, Josino afirmou que o ex-procurador foi na imprensa e “meteu a boca nele”. “Isso tudo é coisa de Pedro Taques”, disse no depoimento.
Em seguida, Josino chora ao falar novamente sobre o ex-governador de Mato Grosso. “Arrebentou com minha vida, com minha empresa, com minha família, com acusações”, lamentou.
Josino é acusado pelo homicídio do juiz Leopoldino Marques do Amaral, em 1999. Durante depoimento ao Ministerio Público, negou conhecer Sargento Jesus, que foi assassinado em 2002.
Segundo conta, Jesus era uma pessoa pegajosa e tinha fama de matador, por isso, não se envolveria com ele. “Meu envolvimento com Jesus é zero”, disse.
“Ele tinha fama de matador, que roubava. Fiquei sabendo pela imprensa. Hoje não consigo convidar ninguém pra minha casa, como vou ficar perto dele?”.
O MPF questionou sobre a relação do empresário com o desembargador Odiles de Freitas, ao que ele respondeu que era como um pai. “Ele era como um pai pra mim. Me concebida favores, emprestava dinheiro”
Os procuradores Fabrício Carrer e Andréa Costa de Brito representam o Ministério Público Federal (MPF) no julgamento.
O caso
Josino é empresário no ramo de venda de maquinários agrícolas. Ele mantém endereços em Cuiabá e Rondonópolis. Além disso, seria intermediador de venda de sentenças de magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ) e réus.
Pouco antes de ser morto, o juiz havia feito denúncias de venda de sentenças no Poder Judiciário e acusado Josino como o intermediador do comércio de decisões judiciais.
O caso foi apurado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Judiciário, que tramitou no Senado. O corpo do magistrado foi encontrado em Concepción, no Paraguai, próximo da fronteira com o Brasil. Havia marcas de dois tiros e o a vítima estava carbonizada, contudo documentos foram encontrados próximo a ele, o que ajudou na identificação.
Os restos mortais foram trazidos para Mato Grosso e enterrados em Poconé. Desde que passou a tramitar a investigação, houve duas exumações para exame de DNA. Conforme informações, o juiz havia sido visto pela última vez próximo a um hotel de Várzea Grande. Ele teria sido sequestrado e o corpo desovado na fronteira.
Além de Josino, são acusados de envolvimento no crime a escrevente e então assessoria da vítima, Beatriz Árias, e o tio dela Marcos Peralta. Ela foi condenada a 12 anos de prisão, em maio de 2001. Ele morreu em uma cadeia no Paraguai, em 2005, sem ser julgado. Ele seria o autor dos disparos.
O sargento da Polícia Militar, José Jesus de Freitas, disse em depoimento que recebeu proposta de R$ 100 mil do empresário para matar o juiz. Jesus foi morto a tiros, em 2003, pelo o ex-cabo da PM Hércules Araújo Agostinho e ex-soldado Célio Alves de Souza, ambos pistoleiros do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.
Josino foi submetido, pela primeira vez, a júri popular em 2011 e absolvido por falta de provas. O MPF ingressou com recurso e, agora, enfrenta novo julgamento.
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