12.02.2016 | 00h00
Conforme contam as narrativas cosmológicas do povo Xavante, o cesto confeccionado por esse povo foi ensinado por um ancestral aos anciãos que depois de aprenderem, foram repassando esse conhecimento para as outras gerações e aperfeiçoando a técnica de coleta do material, medidas, tamanhos, quantidades e formas de utilização no cotidiano da aldeia.
A matéria-prima é o broto do buriti, encontrado em locais com grande umidade, sendo a atividade de coleta uma função das mulheres, que sabem a técnica de corte, a quantidade, o tamanho e preparo do material para a confecção deste objeto.
Depois de retirado os brotos, eles são desfiados e separados pelo comprimento de cada tira, que determinará o tamanho da peça a ser elaborada e também o seu formato.
O cesto nas aldeias Xavante são amplamente utilizados nas atividades cotidianas para a coleta de frutas e castanhas, carregar a carne das caçadas, transportar lenha para as casas, guardar objetos e roupas no interior das casas, além também de serem muito usados pelas mulheres para transportarem as crianças quando são pequenas.
Os cestos são muito usados durante os rituais, cerimônias e festas tradicionais que acontecem nas aldeias, por isso ele é considerado um objeto que faz parte da cultura deste povo, pela sua importância no cotidiano e também como uma forma de marcar a identidade desses indígenas com base no formato de cesto que é peculiar desta etnia.
Outra particularidade é a forma como as pessoas desta etnia carregam os cestos, isto é, com uma corda amarrada de uma ponta a outra do cesto, formando uma alça grande, que é colocada na testa, com o cesto apoiado nas costas.
Com o contato sistemático com a sociedade não índia e a dificuldade cada vez maior de encontrar a matéria prima para a confecção do cesto, muitas comunidades tem diminuído consideravelmente o interesse pela confecção e utilização do cesto Xavante. Como forma de reverter esse quando, algumas comunidade tem inserido no currículo escolar, nas aulas de arte, a história e o ensino na prática de como fazer este objeto da cultura deste povo.
Objetos como este confeccionado de forma artesanal há várias gerações, são considerados sinais que marcam a identidade de um povo, portanto fundamentais na valorização e manutenção da cultura de uma comunidade tradicional, merecedor de ações que estabeleçam políticas públicas para o fortalecimento da tradição e das práticas culturais.
Elias Januário é educador, antropólogo e historiador. Escreve às sextas-feiras em A Gazeta. E-mail: eliasjanuario@terra.com.br
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