Família é condenada a mais de 50 anos por morte do patriarca em simulação de suicídio

O Tribunal do Júri condenou Maria de Lourdes Peron, Adriano Peron e Diomar Peron a penas que somadas ultrapassam os 50 anos de prisão, em regime fechado, pelo assassinato do empresário e produtor rural Adelfo Peron, morto pela própria família em fevereiro de 2008, na zona rural de Vera (458 km ao norte de Cuiabá). Os parentes ainda tentaram simular uma situação de suicídio. O júri durou dois dias seguidos e ocorreu entre 6 e 7 de novembro.

Além da esposa de Adelfo, a senhora Maria de Lourdes, e os filhos Diomar e Adriano Peron, também foi pronunciada a nora da vítima, Tamires Paula Tonin, no entanto, ela foi absolvida pelo Conselho de Sentença. Os jurados decidiram, por maioria dos votos, acolher parcialmente a pronúncia, condenando o trio por homicídio com a presença de qualificadoras relativas ao emprego de asfixia, como recurso que dificultou a defesa da vítima e empregada para elevar a pena base na primeira fase da dosimetria. 

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Na sentença, o juiz Victor Lima Pinto Coelho, fechou as penas definitivas de cada um dos 3 réus em 18 anos e 8 meses de reclusão em regime inicial fechado, além do pagamento das custas processuais.

Conforme noticiou o , a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) narra que no dia 20 de fevereiro de 2008, de madrugada, na chácara Santa Maria, os denunciados em concurso de pessoas, por motivo torpe, asfixia e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, mataram Adelfo Peron. 

Perícia feita no local apontou que o corpo foi encontrado com uma corda amarrada ao seu pescoço, numa simulação de suicídio. Contudo, investigações demonstraram que ele não tirou a própria vida, mas foi levado por ao menos duas pessoas até o galpão onde foi achado.

Ele teria sido surpreendido em seu quarto, enquanto estava deitado, com facadas e enforcado. Vestígios de sangue encontrados no cômodo, combinados com a ausência de sinais de luta corporal, sugerem que a vítima foi atacada enquanto dormia. Além disso, a porta estava fechada, indicando que o agressor era alguém conhecido da vítima, que já estava no local antes do ataque.

Os peritos concluíram que ele foi golpeado 3 vezes com uma faca do tipo "desossa" enquanto repousava na cama. Os golpes foram desferidos por um único agressor. Apesar da gravidade dos ferimentos e da perda de sangue, a vítima ainda ficou viva.

Testemunhas relataram que a esposa de Adelfo, Maria de Lourdes, narrou em várias oportunidades que não se entendia mais com o esposo, que o casamento estava desgastado e que ele teria comportamento agressivo e não gerenciava bem os empreendimentos da família.

Uma delas chegou a citar que, um dia antes do crime, a mulher comentou que havia discutido com o marido e ele “ameaçou tirar a própria vida com uma faca”. Uma testemunha ainda disse que ela demonstrou não ter nenhum afeto pelo companheiro e dizia que o marido “fedia a porcos” e "bosta de vaca" e em algumas das ocasiões também demonstrava o desejo de tirar a vida de Adelfo Peron, dizendo: “um dia eu mato, eu mato, eu mato”.