PARENTE DE VÍTIMA 17.07.2024 | 19h25
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Reprodução
Por meio de um procedimento interno, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) apura as circunstâncias do episódio em que um servidor tentou entrar armado em uma sessão que julgava um recurso do caso do atropelamento em frente à Valley Pub, em Cuiabá. A medida veio após uma manifestação do juiz Wladymir Perri, que chegou a absolver a motorista Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, em que disse temer por sua segurança. O servidor em questão é irmão de uma das vítimas mortas no acidente.
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Em solicitação enviada à Coordenadora Militar do TJMT, o juiz Wladymir Perri relatou que teme por sua segurança. Ele citou que o servidor tentou entrar armado em uma sessão em que seria julgado um recurso do caso Valley. No caso, os membros da Segunda Câmara Criminal acabaram revertendo a decisão de Perri e pronunciaram a bióloga Rafaela Screnci da Costa Ribeiro pelo atropelamento de Mylena Lacerda, Ramon Alcides Viveiros e Hya Girotto (que sobreviveu).
Ele pediu esclarecimentos sobre o motivo do irmão de Ramon ter tentado entrar armado na sessão.
“Vislumbro como sendo possível alvo de um atentado contra a minha vida, eis que, desde quando julguei o processo do irmão do funcionário do Poder Judiciário [...], não cessaram nenhuma ameaça contra a minha pessoa”, disse.
Ele acusou os responsáveis por estas supostas ameaças de “instigarem” a população contra ele. O magistrado comparou sua situação com a dos advogados Roberto Zampieri e Renato Nery.
“Instigam a população para que a qualquer momento algum psicopata crie a mesma ‘coragem’, cujo aconteceu com a morte do advogado Renato Gomes Nery, eis que, de tanto a mídia fomentar o assassinato, caso ‘Zampieri’, quiçá, estimulou alguém agir da mesma forma, vale dizer, ter assassinado Renato Gomes Nery, talvez, agora a próxima à vítima sendo este subscritor, em face do ódio de não ter aceitado a minha decisão”.
Afirmou que vem sendo vítima de “inverdades” e solicitou à Coordenadoria Militar informações sobre a justificativa para que o servidor fosse armado especificamente ao julgamento daquele recurso.
“Só contam inverdades, inflamando a população, cujos documentos ameaçadores encontram todos arquivados, inclusive, deixando registrado se algum mal vier acontecer contra minha pessoa, primeiramente, seja investigado por algum órgão federal, segunda, seja feita pela Procuradoria da República, eis que o Ministério Público de Mato Grosso é comprometido com então Procurador Justiça aposentado”, afirmou.
Em resposta à solicitação a Coordenadoria Militar do TJ esclareceu que, de fato, o servidor portava uma arma de fogo, que foi identificada pelo detector de metais. Pontuou que ele foi orientado quanto aos procedimentos necessários e colaborou. O servidor apresentou a documentação válida da arma e foi desarmado. A Coordenadoria disse ainda que o fato foi informado à Presidência do TJ.
“Senhor Magistrado, informo ainda que em relação aos fatos narrados [...], esta Coordenadora irá reportar à Comissão de Segurança para as deliberações que o caso requer. Desde já coloco a Coordenadoria Militar a disposição para adoção de medidas que venham ser necessárias para a garantia de vossa segurança”, afirmou a coronel Jane de Souza Melo, coordenadora militar do TJ.
Ao a assessoria da presidência do TJMT informou que foi aberto um procedimento interno para apurar o ocorrido e que foram reforçadas as medidas de segurança que já existiam.
Representação no CNJ
Wladymir Perri é alvo de uma representação no CNJ após o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) apontar atos dele no processo da morte do advogado Roberto Zampieri que geraram “estranheza e perplexidade”.
De acordo com o MP, no decorrer do inquérito que apura o crime, ocorrido em dezembro de 2023, o juiz determinou à Polícia Civil que qualquer material entregue deveria ser protocolado de forma física na 12ª Vara Criminal.
“Apresentados diversos documentos lacrados à unidade, aparentemente o magistrado – ‘(…) sem qualquer provocação das partes tampouco designação de ato que pudesse ser acompanhado/fiscalizado também pelas partes’ – teria procedido ao deslacre dos envelopes que continham HD com os dados celulares e a agenda da vítima. Porém, ainda não constava dos autos qualquer informação sobre o resultado da análise desses documentos”, citou o juiz Wellington da Silva Medeiros.
O Ministério Público disse que “causa estranheza e perplexidade a conduta do Magistrado Wladymir Perri em: 01. Autorizar o amplo acesso aos objetos apreendidos para, incontinenti, restringir e determinar que a Autoridade Policial os apresentasse exclusivamente a ele, inclusive relatórios técnicos, por meio físico; 02. Decretar sigilo dos autos, fora das hipóteses legais e regulamentares; 03. Promover o deslacre do material apreendido outorgando a si a exclusividade de irrestrito acesso a ele”.
O CNJ então pediu cópia integral do material obtido pela Polícia Civil neste caso.
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