sempre machucada 26.07.2022 | 12h05
jessica@gazetadigital.com.br
Reprodução
“Ela estava sempre machucada, mas o que poderia fazer por ela era oferecer acolhimento. Foi isso que eu fiz”, afirmou a testemunha Luzia Pereira de Aragão, 71, mãe da vítima Lucimar Fernandes Aragão, 40. A mulher foi morta em maio de 2020 e, nesta terça-feira (26), o réu Izomauro Alves Andrade é submetido a júri popular. Mesmo com a prisão, o corpo da vítima ainda não foi encontrado.
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O ex-patrão do acusado Izomauro Alves Andrade, Edmar Souza, e o delegado Fausto José Freitas da Silva também foram interrogados durante o julgamento.
A mãe da vítima contou que elas tinham relação próxima, mas que viu o réu poucas vezes. Afirmou que a relação da filha com o acusado era conturbada e a violência era constante. Lucimar dizia que iria se separar e até se afastava do companheiro, mas o acusado a perseguia e dizia que iria mudar. Eles voltavam e logo as agressões recomeçavam.
“Eu só quero Justiça, não tenho mágoa, não tenho raiva. Só quero o corpo da minha filha”, implorou a testemunha. A mãe chorou por várias vezes durante o depoimento e teve dificuldade em narrar o que sabia sobre a relação da filha e os fatos ocorridos.
A idosa conta que a filha tem um filho, que mora com o pai em Rondonópolis (215 km ao Sul). A relação com o garoto não era tão próxima. “Eu ando com a cabeça ruim depois que isso aconteceu”, contou a idosa.
Luzia Pereira afirmou ao juízo que a filha era muito inteligente, caprichosa e dedicada ao trabalho, mas não era de fácil convivência. Que não aceitava os conselhos dos familiares e, por várias vezes, pediu socorro aos parentes.
“Um dia ela chegou toda machucam com o pescocinho roxo. Falamos com ela por horas. Neste dia, o Izomauro tinha batido nela com a ajuda da irmã. Um mês depois ela foi morta. O pior dia foi na Páscoa, ela chegou acabada. Disse que ia fazer a mudança, buscar as coisas dela. Mas ai isso aconteceu”, lembrou a mãe.
O delegado Fausto Freitas, sem eu depoimento, afirmou que o homem estava tão empenhado em fugir após o homicídio, que atravessou o rio Paraguai, em Cáceres (225 km a Oeste), com a moto em uma canoa.
“Ele não ligou para Lucimar. Isso é estranho porque o natural quando alguém próximo some é você insistir em ligar, mas ele não fez. Durante um interrogatório ele ainda disse ‘acabei com minha vida’, mas voltou a si e negou ter praticado o crime”, disse o delegado responsável pela investigação.
O ex-chefe do réu afirma que sabia que ele era reeducando quando o contratou. Na época, em 2018, usava tornozeleira eletrônica, mas logo removeu o equipamento. O funcionário chegou a ser afastado do trabalho por conta de prisão por violência doméstica contra a companheira Lucimar. Em um dos casos, Izomauro chegou a pedir dinheiro ao patrão para pagar advogado.
“Ele falou que tinha problema com a justiça, mas eu não fui saber o que era realmente. Como funcionário, ele não tinha qualquer conduta que o desabonasse”, contou o empresário.
Na época do crime, o patrão mandou o réu trabalhar em uma fazenda de sua propriedade em Cáceres, onde foi preso e estava escondido, segundo o delegado.
O caso
A princípio a polícia investigava o desaparecimento da mulher, vista pela última vez em 18 de maio de 2020. Ela se mantinha distante da família e os contatos eram esporádicos, tanto que o sumiço só foi registrado oficialmente em agosto daquele ano.
Vítima e suspeito namoraram por cerca de 6 meses e o relacionamento era conturbado. A mulher, inclusive, havia registro acusado de violência doméstica contra o companheiro.
Foi com ele que a mulher falou pela última vez e o suspeito sumiu logo após o crime. Ele foi localizado em fevereiro de 2021, mas conseguiu fugir.
Posteriormente, ele foi preso, em fevereiro, escondido em casa de parentes, em Várzea Grande. O réu segue preso desde então e espera julgamento. Ele responde pelos crimes homicídio com qualificadora em feminicídio e ocultação de cadáver.
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