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09.12.2004 | 03h00

Acarajé é patrimônio cultural do Brasil

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Entidades ligadas ao culto afrobaiano começaram a campanha pelo registro do acarajé como patrimônio cultural do Brasil, para ter a receita, os ritos de preparação e tradição preservados, há dois anos. Agora o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) tombou o petisco feito com feijáo e azeite de dendê como bem imaterial em reunião extraordinária na quarta-feira (01), na Igreja de Santa Teresa, em Salvador.

O trabalho das baianas de acarajé também foi reconhecido como profissão pelo Iphan, que também aproveitou para tombar o Terreiro Ilê Maroiá Láji, da famosa mãe-de-santo Olga de Alaketu. Ela é descendente de uma das primeiras princesas africanas que introduziram o culto na Bahia no século 19.

Um grupo de 50 baianas vestidas tipicamente acompanhou a reunião, mas quem se emocionou foi o ministro da Cultura, Gilberto Gil. "Isso vai garantir o alimento de Xangô, o acarajé, no espírito de nossa civilização", comentou. Irresistível para turistas e baianos, o petisco é considerado o alimento preferido do orixás Xangô e Iansã.

Ele começou a ser vendido nas ruas de Salvador no período colonial pelas filhas-de-santo dos primeiros terreiros de candomblé. Eram colocados em gamelas e servidos em palha de bananeira. Parte do dinheiro arrecadado era revertido para as obrigações do orixá (rituais de oferenda). Outra parte era entregue pelas negras, geralmente escravas, às suas senhoras. O acarajé foi citado pela primeira vez num documento da história do Brasil pelo português Luiz dos Santos Vilhena, que ensinava grego na Salvador da virada dos séculos 18 e 19. No livro Recopilação de Notícias Soteropolitanas e Brasílicas, escrito no início do século 19, que reproduz vinte cartas de Vilhena sobre as vicissitudes da cidade de Salvador (onde ele comenta sobre tudo e todos), o professor critica, com seu conhecido mau humor, o hábito das senhoras brancas enviar para as ruas suas escravas para vender iguarias africanas como o acarajé, o vatapá e o caruru, que qualifica de viandas tediosas.

Atualmente, cerca de cinco mil baianas sobrevivem vendendo acarajé nas principais ruas de Salvador, as mais famosas chegam a faturar R$ 40 mil por mês com o negócio. A Associação das Baianas de Acarajé sempre lutou pelo tombamento do petisco por causa do desvirtuamento da receita e a venda por pessoas não-iniciadas no candomblé. Já há acarajé de soja e adeptos de seitas evangélicas vendendo o produto na cidade.

O decreto 3.551 de 2000, assinado pelo presidente da República, normatizou o registro dos bens imateriais culturais do Brasil para que eles sejam protegidos e não corram o risco de desaparecer. O registro é renovado de dez em dez anos, com o objetivo de verificar se o bem cultural foi modificado pelo povo ou continua com os mesmos parâmetros de quando recebeu a certificação.

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