problemas não resolvidos 13.01.2025 | 13h45
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Luiz Leite
Atualizada às 18h42 - Por meio de nota, o Consórcio Construtor BRT Cuiabá rebateu a queixa do governador Mauro Mendes sobre a demora nas obras do Ônibus de Trânsito Rápido (BRT). O chefe do Executivo acusou que a lentidão ocorre por incompetência das empresas responsáveis. O Consórcio apontou diversas falhas no projeto, sendo que em uma delas o Estado teria determinado a continuidade das obras mesmo sem adequações. O Governo também enviou nota com explicações.
Leia também - Mauro promete medidas duras contra construtora do BRT se obra não avançar
Em entrevista na manhã desta segunda-feira (13), o governador Mauro Mendes disse que, em relação às obras do BRT, "se não houver uma reação muito rápida nos próximos 10 dias, eu garanto que o bicho vai pegar para o lado deles".
O Consórcio Construtor BRT Cuiabá, que executa as obras, é composto pelas empresas Nova Engevix Engenharia e Projetos S.A., Heleno & Fonseca Construtécnica S.A. e Cittamobi Desenvolvimento em Tecnologia Ltda. Em nova enviada à imprensa, o grupo apontou diversas irregularidades no projeto do modal, que prejudicam o andamento da obra e resultam em prejuízo financeiro às empresas.
Um dos exemplos dados pelo Consórcio é a previsão, no projeto, de utilização dos viadutos Júlio Muller, UFMT, MT-040 e do aeroporto, no caso do espaço onde estava prevista a passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que, segundo as empresas, seria inadequado para o BRT. Também citou a interferência de políticos em outros trechos e a falta de obras de drenagem, pelo Estado, no centro da capital.
Disse ainda que, com relação às estações, “o anteprojeto do Estado não atendia às normas técnicas, pois não trazia o conforto térmico exigido”, mas o Governo teria determinado que as obras fossem feitas mesmo assim.
Com a resposta das empresas às falas do governador, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) também emitiu uma nota rebatendo os argumentos do Consórcio, dizendo que é dever dele apresentar soluções e também tem responsabilidade pelo projeto.
Leia a nota da Sinfra na íntegra:
Em relação à nota enviada pelo Consórcio Construtor BRT, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) esclarece que:
Contratualmente, cabe ao consórcio apresentar soluções técnicas para questões levantadas como o posicionamento de portas de estações, realização de drenagem na Avenida da Prainha e melhorias em viadutos;
O modelo de contratação do BRT foi por meio do RDCI (Regime Diferenciado de Contratação Integrada). Sendo assim, todo o detalhamento da obra e dos demais projetos são de responsabilidade da empresa contratada, no caso o consórcio;
A obtenção de licenças ambientais é uma responsabilidade atribuída ao Consórcio por contrato e o prazo citado decorre da morosidade do Consórcio Construtor BRT em entregar os documentos técnicos exigidos;
As alterações de traçado em Várzea Grande atenderam demandas da sociedade várzea-grandense e foram amplamente discutidas com o Consórcio, sendo inclusive objeto de pedido de reequilíbrio econômico financeiro - análise que depende da apresentação de documentos complementares por parte das empresas, que comprovem esse desequilíbrio;
Não cabe justificar os atrasos nas obras da Avenida do CPA, citando trechos que sequer foram iniciados, como o Centro de Controle Operacional, a ponte sobre o Rio Coxipó e os viadutos da Avenida Fernando Corrêa.
Além disso, a Sinfra não liberou a abertura de novos trechos para não prejudicar a população, em decorrência da morosidade em que o trabalho está sendo realizado. Também foi levado em consideração a análise da situação financeira do consórcio que não vem honrando com seus compromissos com fornecedores, mesmo com os pagamentos feitos pelo governo rigorosamente em dia, conforme estabelecido no contrato;
Por fim, a Sinfra-MT informa que desde o início do contrato notificou o Consórcio BRT 50 vezes sobre assuntos relacionados às obras. A Sinfra-MT reafirma seu compromisso com a entrega de um sistema de transporte moderno, eficiente e seguro para a população de Cuiabá e Várzea Grande, com gestão responsável e transparente dos recursos, mantendo-se sempre aberta ao diálogo para superação dos desafios.
Leia a nota do Consórcio Construtor BRT Cuiabá na íntegra:
Nota oficial | BRT Cuiabá
As integrantes do Consórcio Construtor BRT Cuiabá — Nova Engevix Engenharia e Projetos S.A. e Heleno & Fonseca Construtécnica S.A., ambas com mais de 60 anos de história — vêm trabalhando com toda a sua expertise e competência técnica para realizar a obra.
O BRT Cuiabá veio para substituir o VLT, previsto para a Copa do Mundo de 2014 e que foi suspenso após problemas de concepção do projeto e falta de transparência. O novo modal, quando concluído, trará diversos benefícios para a população da região metropolitana.
No entanto, em que pesem os esforços do Consórcio, uma série de empecilhos técnicos, problemas com o edital de licitação e anteprojeto desenvolvido pelo Estado, mudanças frequentes no traçado e disputas políticas impediram a concretização dos trabalhos no prazo previsto em contrato, que era de outubro de 2024. Por exemplo:
● Segmento 1A e 1B (Avenidas Couto de Magalhães e Senador Filinto Müller): as obras foram suspensas após mobilização dos comerciantes e de políticos locais, que levaram à alteração do trajeto. Isso exigiu desmobilização dos trabalhadores e novos estudos para rever o traçado.
● Terminal André Maggi: com a alteração dos segmentos 1A e 1B, o consórcio foi obrigado a desenvolver novo projeto e readequar as obras do segmento 1C (acesso ao estacionamento) para sua devida conexão.
● Estações: o anteprojeto do Estado não atendia às normas técnicas, pois não trazia o conforto térmico exigido, conforme demonstrou estudo desenvolvido pelo consórcio. Diversos meses se passaram até que o Estado determinasse que as obras fossem feitas assim mesmo. Além disso, o anteprojeto trazia erro na posição das portas automáticas e das aberturas de acesso das estações — que não coincidem com a posição das portas dos ônibus, o que traz riscos à segurança dos usuários. O Estado não tomou providências para solucionar o erro, nem permitiu que o consórcio buscasse alternativas, pois sequer definiu o tipo de veículo que será usado no BRT.
● Viadutos: o anteprojeto previa a utilização dos viadutos Júlio Muller, UFMT, MT-040 e do aeroporto, projetados e construídos para o tráfego de VLTs, sem qualquer adaptação ou intervenção, o que é inadequado para o uso dos BRTs. Isso exigiu estudos para avaliação e adequação do projeto estrutural.
● Ponte do rio Coxipó: o anteprojeto previa a remoção da passarela metálica de pedestres, mesmo com restrição administrativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Foi necessário alterar a posição da ponte e de toda a geometria do acesso, impactando nas frentes de obras.
● Centro de Controle Operacional: o anteprojeto previa a utilização do Centro remanescente das obras do VLT. No entanto, após a celebração do contrato, o Estado solicitou a alteração do local para a região central de Cuiabá, na Estação Porto, em razão de embaraços jurídicos do contrato anterior. Foi solicitado ao Consórcio um novo projeto com características distintas das previstas anteriormente. O Estado também decidiu mudar os pontos de recarga de ônibus para os terminais de CPA, Coxipó e Várzea Grande, atrasando ainda mais o andamento dos trabalhos.
● Canal de drenagem da Prainha: outro problema do anteprojeto foi não ter contemplado a macrodrenagem da Prainha, historicamente afetada por enchentes, como a deste fim de semana – e o Estado não contratou o serviço, embora isso fosse imprescindível para o BRT, uma vez que este, sendo elétrico, não pode circular em vias com lâmina d'água, o que implicou na paralisação das obras no local.
● Licenças ambientais: a Secretaria Estadual do Meio Ambiente está atrasando a emissão das licenças, em que pese o Consórcio ter prontamente atendido todas as solicitações. O trecho de Coxipó, por exemplo, teve a licença emitida apenas na semana passada, mais de 800 dias após o início do contrato.
Estes são apenas alguns exemplos de fatores que atrasaram o avanço das obras. Não bastasse isso, as disputas políticas entre o Governo do Estado e o município de Cuiabá prejudicaram ainda mais os trabalhos. O quadro foi alterado apenas em 28 de janeiro de 2024, quando a Justiça determinou que as autoridades de Cuiabá se abstivessem de criar obstáculos à implantação do projeto.
Como consequência, entre outubro de 2022, data de início das obras, e 28 de janeiro de 2024, o consórcio esteve impedido de executar 84,3% do escopo contratado. Já entre janeiro de 2024 e 13 de outubro de 2024, data original de conclusão dos serviços, houve impedimento de executar 59,1% do escopo contratado. Diante de tudo isso, as obras tiveram seu prazo de finalização estendido até 9 de novembro de 2025, mais de um ano após o que foi previsto.
Este jogo de empurra e os problemas de gestão por parte dos órgãos públicos comprometeram o andamento adequado dos trabalhos, ocasionando paralisação das obras, desmobilização de trabalhadores, realização de novos estudos e revisão dos projetos.
E se o Estado cumpriu com suas obrigações contratuais financeiras, os sucessivos problemas também trouxeram um excessivo prejuízo para o consórcio, que foi assumido pelas empresas, em um ônus financeiro insustentável, o que compromete a sequência das atividades.
Apesar de tudo isso, as empresas integrantes do consórcio sempre cumpriram com suas obrigações e estão abertas a um diálogo sério e responsável com o Governo do Estado, com o intuito de encontrar alternativas para preservar a viabilidade do projeto e, sobretudo, resguardar o interesse público.
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Elias Silva - 13/01/2025
Gente..esquece isso aí..não vai fazer..não no mandato deste governador..ja vai pra dois anos e fizeram o quê? E o que fizeram tá precisando refazer já..vai ver os buracos que tá na Feb.. Outro VLT.. anota ai.
Índio Gaúcho - 13/01/2025
O importante é que a população tenha um transporte de qualidade. O Consórcio e o Governo do Estado precisam entrar num consenso e resolver tudo isso, a população novamente não pode pagar por esse erro. A sociedade precisa protestar e fazer que as partes se entendam, a verdade dos fatos sejam apurados e a obra continue. Será muito pior uma rescisão, todos precisam entender isso e fazer com que o povo cuiabano tenha uma obra de qualidade e dentro dos valores orçamentários estabelecidos e pactuados. Não vou defender qualquer lado, mas a verdade precisa ser exposta e corrigida.
souza - 13/01/2025
Sempre as desculpas, mas se BRIGAM para ganhar o contrato, por certeza de pagamento, reajustes de contrato, repactuação, cobrança da alteração de custos de medição,.... e AGORA com essa conversa fiada....?? Isso mesmo Governador não dê mole para essa turma...se fosse ruim não queriam...falta de profissionalismo em jogar a responsabilidade para o Governo...
3 comentários