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entrevista da semana 17.11.2024 | 13h05

Autora mato-grossense fala de livro sobre e para mulheres

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Aline Costa - Especial para o GD

redacao@gazetadigital

Divulgação

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A escrita da história de "Versos de uma Preta" começa quando a autora Edilene Rodriguez tinha 14 anos e encontrou na poesia uma forma de aliviar todos os sentimentos vividos por uma adolescente. Hoje, anos depois, ela publica todos os poemas produzidos e mais alguns no livro que é uma coletânea de poesias que traz, não apenas a visão da autora, como o de muitas mulheres.

 

Edilene é professora de teatro, atriz e escritora mato-grossense que vive em Primavera do Leste (231 km ao Sul) e publicou seu primeiro livro de poemas, o “Versos de uma Preta” no último dia 27 de outubro. Em entrevista ao , a escritora contou os principais pontos e desafios da escrita e publicação de seu livro, principalmente após perder a mãe, sua maior incentivadora.

 

Gazeta Digital - Como você se encontrou na literatura?
Edilene Rodriguez - Meu primeiro contato foi por volta por 8 anos na biblioteca da escola aqui em Primavera do Leste, uma biblioteca pública. Lá eu tinha contato com romance, terror e suspense e aquilo ativava uma curiosidade em mim.

 

Quando eu entrei para o teatro, ele me mostrou outros autores e outras possibilidades, como a poesia e eu me apaixonei por ela. Comecei a ler Florbela Espanca e outras poetisas. Aos 14 anos, nesse processo de amadurecer e ser adolescente, tinham muitas coisas que me frustraram e minha válvula de escape era a escrita. O que saíam eram poesias sobre cotidiano, experiências como artista e coisas que eu via e vivia. Depois de um tempo, a escrita começou a fazer mais parte do meu dia a dia e eu comecei a fazer poesias para concursos literários.


Por muito tempo eu fui focada nas artes do teatro e cinema e depois eu fiz a faculdade de letras que eu nunca exerci como profissão, mas que serviu para ajudar a articulação dos poemas, foi fundamental.

 

Gazeta Digital - Como você define as poesias presentes em "Versos de uma Preta"?
Edilene Rodriguez - Por volta dos 20 anos, eu vi que as poesias impactavam as pessoas de alguma maneira e que elas tinham um recorte social muito forte. E era a questão da pele, a questão de eu ser uma mulher negra.

 

Recentemente, conhecendo sobre o processo de escrevivência, de Conceição Evaristo, conhecendo um pouco das suas obras, um pouco também das obras de Sueli Carneiro, eu percebi que o que eu estava escrevendo era uma poesia preta. As experiências de uma mulher preta latino-americana.


Então, Versos de uma Preta, é uma ode às mulheres, uma celebração, mas, ao mesmo tempo, um processo de denúncias por meio de poesias. Que são nessa fronteira porque geralmente mulheres pretas foram negligenciadas e não tinha um espaço de legitimação na biblioteca.

 

Gazeta Digital - Qual foi a sua principal fonte de inspiração ao longo do tempo na escrita?
Edilene Rodriguez - Versos de uma Preta é um ode às mulheres que me atravessaram enquanto artista. Ali tem poemas sobre o amor, processos de luta e processos de racialização também. Boa parte do que está escrito ali, vem das minhas experiências como pessoa e artista.

 

Outra parte vem também de uma experiência de escuta ativa, que é ouvir histórias. Eu viajei muito já e eu conheci muitas mulheres. No livro as pessoas poderão ler poesias que se parecem com a Edilene e poesias que não se parecem, pois são histórias de outras mulheres que foram ressignificadas de alguma maneira na minha reelaboração como escritora.

 

Gazeta - Versos de uma Preta começou a ser escrito aos seus 14 anos e hoje é publicado para leitores adultos. Como foi definir a classificação etária para ele?
Edilene Rodriguez - Como esse livro começou a ser escrito quando eu era adolescente, algumas poesias sofreram reelaborações. Outras ficaram intactas e publicadas da mesma forma que foram escritas naquela época. 

 

Durante as páginas, têm poesias que falam sobre minha avó, têm aquelas que são mais tranquilas e têm também aquelas falam do meu processo de luta e dor. Por isso foi uma dificuldade para eu conseguir classificar o livro.

 

Gazeta - A edição publicada contem ilustrações feitas por Alice Anayumi. Como foi feita a escolha para ilustradora?
Edilene Rodriguez - Eu e Alice temos uma história desde que eu fui a primeira professora de teatro dela. Quando ela começou a fazer ilustrações, eu sempre me apaixonava pelo que ela fazia e eu percebia nos traços dela que combinava muito com o que eu queria propor em Versos de uma Preta. Antes de o projeto ser contemplado eu já tinha colocado ela na minha equipe como minha ilustradora.

 

Gazeta Digital - Qual foi a maior dificuldade enfrentada por você no processo de publicação?
Edilene Rodriguez - Quando eu ganhei o edital em 2023, minha mãe ainda era viva e ela foi a primeira pessoa a receber a notícia. Infelizmente, dois meses depois, minha mãe faleceu e eu não consegui mais pegar no livro ou rever as poesias. Outras mulheres, ao longo desse processo foram me reerguendo todos os dias e me fortalecendo. Aqui foi como reimaginar o feminismo como processo de transformação e empatia para que eu conseguisse voltar para o livro e concluir. 

 

Gazeta Digital - Em suas redes sociais, você divulga um clube de leitura feminista. Como é o projeto?
Edilene Rodriguez - Há muito tempo eu queria fazer um clube do livro aqui em Primavera do Leste e quando saiu o edital eu pensei "agora é o momento de criar o clube de leitura". O grupo foi nomeado “versos de uma preta, leitura de aproximação”, um clube de leitura feminista e foi muito legal. Muitas mulheres se interessaram e a gente pôde compartilhar muitas leituras.

 

No início, a ideia era ler apenas livros escritos por mulheres pretas, mas em algum momento expandimos para outras literaturas que nos atravessavam de alguma maneira e que gostaríamos de falar, principalmente aquelas com algum cunho sobre mulheres.

 

O clube de leitura teve um momento suspenso pouco antes do processo político, mas retorna agora em novembro. Os encontros são presenciais, porém, eu penso agora que eu estou reestruturando o clube que ele seja tanto presencial aqui em Primavera do Leste quanto online para o Brasil todo. 

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